Manifestantes exigem junto ao parlamento reconhecimento “urgente e imperativo” da Palestina

Algumas dezenas de manifestantes concentraram-se hoje para reclamar o reconhecimento “urgente e imperativo” do Estado da Palestina pelo Governo português, em frente à Assembleia da República, onde os deputados vão debater iniciativas da esquerda nesse sentido.

Manifestantes exigem junto ao parlamento reconhecimento

Agitando bandeiras da Palestina e envergando ‘keffyehs’ (lenços tradicionais palestinianos), os manifestantes mostravam cartazes em que se podia ler: “Reconhecer a Palestina não custa nada”, “Palestina Livre” ou “Vamos abraçar a luta da Palestina”, numa mensagem que recordava a autodeterminação de Timor-Leste.

“Estamos aqui em solidariedade para com o povo palestiniano e para lembrar que é imperativo reconhecer o direito à sua autodeterminação, que é um direito de todos os povos”, disse à agência Lusa Julieta Almeida, da organização Parents for Peace (Pais pela Paz), integrada na Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina, uma das promotoras do protesto.

“É urgente que o Estado português cumpra a Constituição”, afirmou a ativista.

Para Julieta Almeida, além do reconhecimento do Estado da Palestina, o Governo português também deve “condenar claramente a ocupação por Israel e os crimes cometidos”, como “a ocupação, o ‘apartheid’ e o genocídio”.

“Todos os Estados que não cumpram a sua obrigação em evitar o genocídio, tornam-se cúmplices desse genocídio”, considerou, sublinhando que “Portugal tem de cumprir o Direito internacional”, impondo um embargo de armas a Israel e defendendo o fim do acordo de associação entre a União Europeia (UE) e Israel.

A manifestante propôs ainda que Portugal participe nos protocolos de ajuda humanitária, nomeadamente acolhendo palestinianos deslocados para tratamentos médicos especializados.

O presidente da associação de estudantes da Faculdade de Ciências de Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Guilherme Vaz, afirmou também à Lusa que o reconhecimento do Estado palestiniano por Portugal “é uma urgência muito grande”, tendo em conta “os crimes cometidos, o genocídio e a ocupação que existe há décadas”.

Apesar de recomendações adotadas pelo parlamento português em 2014 a pedir o reconhecimento da Palestina, os sucessivos governos “nunca as cumpriram”, lamentou.

“Não faz sentido. Na Assembleia-geral das Nações Unidas, Portugal vota sempre favoravelmente o reconhecimento, mas depois não trata disso dentro de casa”, criticou o estudante do terceiro ano de Ciência Política e Relações Internacionais.

“É preciso quebrar de vez com esta conivência com Israel e o Governo israelita”, defendeu.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem como: “Viva a Palestina, a resistir, a resistir”, “O que é que queremos do Parlamento? Boicote, sanções e desinvestimento” ou “Free Palestine”.

O protesto foi convocado pelos coletivos Parents for Peace, Palestina em Português, Judeus pela Paz e Justiça e o Coletivo Inquieta-te, em conjunto com os outros coletivos da Plataforma de Solidariedade com a Palestina (PUSP).

O parlamento discute hoje iniciativas do PS, Bloco de Esquerda, PCP, Livre e PAN a reclamar o reconhecimento do Estado da Palestina, enquanto a Iniciativa Liberal defende que o Governo não o faça de imediato, enquanto não houver negociações diretas entre israelitas e palestinianos.

 

JH // SCA

By Impala News / Lusa

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