Mário Soares fez “a melhor interpretação de modelos presidenciais” — Paulo Rangel

O ministro dos Negócios Estrangeiros considerou hoje que a via de “controlo” e de “moderação” seguida por Mário Soares enquanto Presidente da República foi “a melhor interpretação de modelos presidenciais”, que nem Jorge Sampaio ou Cavaco Silva seguiram.

Mário Soares fez

Durante a intervenção de abertura da conferência “Orgulhosamente acompanhados”, um ciclo de seis encontros organizado pelo Instituto Diplomático, no âmbito do centenário do nascimento do antigo primeiro-ministro e antigo Presidente da República Mário Soares, em Lisboa, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros evocou a “sabedoria política” e o lugar “incomparável” de Mário Soares na democracia portuguesa, nomeadamente enquanto Presidente da República.

“O seu modelo de controlo, de moderação do poder governamental e até aqui ou ali contrapoder, pareceu-me sempre a melhor interpretação dos poderes presidenciais, que nem o Presidente [Jorge] Sampaio nem o Presidente [Aníbal] Cavaco [Silva] seguiram”, apontou Paulo Rangel.

Segundo o governante, Mário Soares “compreendeu que um Presidente mais vigilante e interventivo melhora a qualidade da produção política” e põe o “Governo de sobreaviso”, evitando e prevenindo “o uso futuro de poderes extremos”.

Rangel enalteceu ainda a “rara sabedoria política”, o “amor à liberdade” e o papel de Mário Soares “na oposição ao Estado Novo”, em que “o seu envolvimento internacional e a criação de uma rede sólida de contactos internacionais” revelar-se-iam “decisivos” para a sua ação política, para “processo revolucionário e para o processo de adesão às comunidades europeias”.

“Mário Soares é a personalidade mais importante e marcante da democracia portuguesa”, frisou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, destacando ainda “a lucidez” do fundador do PS de “se separar da via comunista” e na defesa pela “desmilitarização da política”.

Mário Soares “nunca aceitou que uma democracia verdadeira, por mais grata que estivesse aos militares que haviam conduzido a Revolução” pudesse estar “sob a tutela militar, sublinhou.

Por outro lado, o antigo primeiro-ministro e antigo Presidente da República “conhecia bem as variáveis internacionais e geopolíticas” e “percebeu sempre a importância da NATO e do Aliado americano”, apontou.

Também a embaixadora e diretora do Instituto Diplomático apontou que o legado de Mário Soares “indissociável da afirmação de Portugal como um país moderno, democrático e plenamente integrado na comunidade internacional”.

“A sua visão da política externa foi marcada por uma combinação de pragmatismo diplomático, defesa intransigente da democracia e uma crença profunda no papel de Portugal como um ator internacional relevante”, apontou.

JMF // JPS

By Impala News / Lusa

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