Milhares de pessoas enfrentam temperaturas negativas para último tributo a ex-Presidente Jimmy Carter
Milhares de norte-americanos enfrentaram hoje longas filas e temperaturas negativas em Washington para uma última homenagem ao ex-presidente Jimmy Carter, falecido em 29 de dezembro e de quem enalteceram a “integridade” e “humanidade” que pautaram o seu mandato.
O manto de neve que cobre a capital norte-americana e a sensação térmica a rondar os 10 graus celsius negativos não intimidaram milhares de pessoas, que se alinharam no exterior do Capitólio dos Estados Unidos para conseguirem prestar tributo ao antigo Presidente democrata (1977-1981), que está em câmara-ardente num espaço onde tradicionalmente têm lugar as despedidas das grandes personalidades do país e que está hoje aberto ao público.
Uma dessas pessoas foi Jack Tucker, um ex-piloto do Marine One, o helicóptero de transporte presidencial, que chegou a transportar Jimmy Carter e que contou à Lusa que tinha no antigo Presidente “um ídolo”.
“Desde 1978 a 1980 eu fiz parte do esquadrão do Marine One e tive a oportunidade de interagir um pouco com o Presidente Carter e de servi-lo. Ele era o meu ídolo. As memórias que tenho dele são todas relativas ao maravilhoso homem que ele era, o quão gentil, generoso, atencioso e amoroso ele era”, contou Tucker, enquanto esperava numa longa fila para entrar no Capitólio.
Questionado sobre as principais diferenças entre os políticos da geração de Carter e os de agora, o ex-piloto de 78 anos, da Virgínia, respondeu: “são diferentes como da noite para o dia”.
Karen Tucker, mulher de Jack, também estava na fila para prestar uma última homenagem a Jimmy Carter, cujas qualidades admitiu sentir falta na política americana.
“Sinto falta da sua integridade e genuinidade. Ele viveu até aos 100 anos e nunca teve ninguém a questionar a sua integridade e lealdade. A vida dele foi pautada pela excelência em tudo”, disse à Lusa Karen, de 80 anos.
Carter terá na quinta-feira um funeral de Estado, a realizar-se na Catedral de Washington, onde se espera a participação do Presidente cessante, Joe Biden, do chefe de Estado eleito, Donald Trump, e de outros antigos dirigentes do país e também estrangeiros.
Portugal estará representado pelo Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa.
O público poderá prestar as suas homenagens até 07h00 (hora local, 12h00 em Lisboa) de quinta-feira.
“Estou aqui porque quero mostrar o meu respeito à família Carter e ao Presidente Carter por uma vida bem vivida. Ele fez tanto nos seus 100 anos e por isso quis vir aqui”, começou por explicar à Lusa Heidi Chamberlain, uma moradora de Maryland de 60 anos.
A norte-americana destacou que sente hoje falta do “civismo” e da “bondade” que eram uma constante na política do seu país no passado.
“O Presidente Carter tinha altos padrões e altos princípios e eu realmente apreciava isso”, sustentou.
Sobre as baixas temperaturas que teve de enfrentar para prestar homenagem a Carter, Heidi assumiu não estar “minimamente incomodada”.
“Tenho que dizer que perdi a minha mãe há dois anos e eu sei que se ela estive viva hoje, ela estaria aqui nesta fila, sem dúvida. Então, eu senti que tinha de estar aqui também”, acrescentou.
Bem mais novo, mas também sujeito a temperaturas negativas estava Simon, um escuteiro de 11 anos que contou à Lusa que viajou desde a Virgínia até Washington com os pais e com o irmão mais novo para homenagear o antigo líder norte-americano.
“É a minha primeira vez num evento de homenagem a um Presidente que morreu e eu queria muito ver como seria e dar as minhas condolências à família. Está muito frio, mas já estou habituado e estou bem agasalhado”, disse o escuteiro.
Entre os milhares de norte-americanos que rumaram a Washington para “honrar o Presidente Carter” estava também Ben Parker, de 64 anos, que exaltou a “sinceridade e humanidade” do líder falecido aos 100 anos.
“Os políticos de hoje poderiam aprender muito com o Carter”, defendeu.
As homenagens a Jimmy Carter começaram no sábado na sua cidade natal, Plains (estado da Geórgia), e na terça-feira o seu corpo foi transferido para Washington a partir de uma capela funerária instalada no Centro Presidencial Carter, em Atlanta.
À chegada à capital norte-americana, o caixão de Carter foi transportado em procissão até às escadarias do Capitólio e foi instalado na emblemática Rotunda, onde aguardavam a vice-presidente do país, Kamala Harris, e o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson.
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By Impala News / Lusa
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