MNE defende que ensino do português em Timor-Leste deve começar no pré-escolar
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, fez hoje um balanço “extremamente positivo” da visita a Timor-Leste e defendeu que o ensino da língua portuguesa deve começar no pré-escolar.
“Este é um ponto relevante, porque o ensino da língua portuguesa dos três aos seis anos não está previsto nos programas de cooperação, quem faz isso são algumas escolas ligadas à igreja”, disse.
“Eu acho que é importante no futuro com Timor-Leste, mas isso, enfim, é uma matéria que também terá de ser vista pelo Ministério da Educação, aqui estamos a ver isto numa perspetiva mais global, que possamos ir para idades mais baixas, porque nós sabemos que a aprendizagem das línguas é tanto mais fácil, quando é feita mais cedo”, disse o ministro.
No âmbito da deslocação a Díli, que teve início na quinta-feira e termina hoje, com uma visita à embaixada de Portugal e ao cemitério de Santa Cruz, o chefe da diplomacia portuguesa visitou na sexta-feira a pré-escola da obra missionária das Irmãs Escravas da Santíssima Eucaristia e da Mãe de Deus.
O ministro destacou também o pedido feito pelo cardeal Virgílio do Carmo, arcebispo de Díli, na sexta-feira, sobre a importância da cooperação com as escolas católicas.
“As escolas católicas querem ministrar o português, mas precisam de professores e são 2/3 da rede escolar total, portanto, têm um papel muito relevante e é um aspeto também a ter em conta”, salientou o ministro.
Durante a sua estada em Díli, Paulo Rangel aproveitou para preparar a visita oficial do primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, a Portugal, em outubro, mas também o Programa Estratégico de Cooperação (PEC) para o período entre 2024-2028, que poderá ser assinado em outubro.
“As prioridades claramente do lado de Timor continuam a ser as mesmas”, nomeadamente educação e justiça, afirmou o ministro.
No setor da educação, o ministro destacou a “grande aposta” nos Centro de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE) ou as escolas CAFE, projeto iniciado em 2014, e que está presente nos 13 municípios timorenses e tem mais de 11.000 alunos.
Segundo o ministro, o projeto está “neste momento em expansão”, devendo também passar a existir em Ataúro, ilha em frente a Díli, e nos postos administrativos.
“Isto poderia significar 60 no futuro, estamos a falar de uma potenciação significativa”, disse.
Em relação à justiça, o chefe da diplomacia portuguesa disse que é muito importante investir “na independência dos tribunais, na formação de magistrados”.
O Governo timorense criou um grupo de trabalho para a reforma do setor da Justiça, liderado pela antiga ministra da Justiça Lúcia Lobato, que defendeu que Portugal deveria ser o parceiro estratégico naquele setor.
No âmbito da reforma do setor, Timor-Leste vai enviar este ano os primeiros 50 estudantes para Portugal para estudar Direito em cinco universidades portuguesas.
O projeto prevê um total de 250 a 300 juristas formados em Portugal e será financiado na sua totalidade por Timor-Leste, num investimento inicial de cerca de 14,9 milhões de euros até 2028.
O ministro dos Negócios Estrangeiros destacou também como prioridades da cooperação a proteção social, o ambiente e a economia azul, nomeadamente a economia do mar.
O último PEC, entre 2019-2023, assinado entre Portugal e Timor-Leste teve uma execução de 102% e tinha um envelope financeiro de 70 milhões de euros para intervenções nos setores de Consolidação do Estado de Direito e Boa Governação, Educação, Formação e Cultura e Desenvolvimento Socioeconómico Inclusivo.
*** Isabel Marisa Serafim, da agência Lusa ***
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By Impala News / Lusa
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