MNE russo aponta encontro de PR moçambicano com Putin para julho

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, apontou hoje para o mês de julho um encontro entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e Vladimir Putin, à margem da cimeira Rússia-África, em São Petersburgo.

MNE russo aponta encontro de PR moçambicano com Putin para julho

“Preparamo-nos para a segunda cimeira Rússia-África, em julho, em São Petersburgo e esperamos uma comitiva representativa de Moçambique, liderada pelo Presidente Nyusi. Além da agenda, haverá um encontro bilateral entre o Presidente Putin e o Presidente Nyusi”, referiu Lavrov durante uma conferência de imprensa, em Maputo.

O chefe da diplomacia russa falava após ter sido recebido no Palácio da Presidência, em Maputo, por Filipe Nyusi, num encontro em que foi anunciado um reforço da cooperação bilateral, incluindo a retoma da cooperação técnico-militar, que tinha sido suspensa por causa da pandemia de covid-19.

Do lado moçambicano, Carlos Mesquita, ministro das Obras Públicas que acompanhou Lavrov ao longo da visita a Maputo, não se pronunciou sobre o convite a Nyusi, mas reiterou a vontade de Maputo retomar a cooperação tal como definida após a visita do chefe de Estado moçambicano à Rússia, em 2019.

A visita de Sergei Lavrov, “é a demonstração inequívoca do interesse comum de levar por diante tudo o que foi acordado”, disse Mesquita, sublinhando que “equipas técnicas estão a rever todos os memorandos e acordos”, e acrescentando: “Daqui a mês e meio, na cimeira [em São Petersburgo] vamos ter oportunidade de eventualmente assinar novos acordos”.

A visita de Lavrov a Maputo (a terceira, depois de 2013 e 2018) acontece cinco dias depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, ter visitado a capital moçambicana, com idênticos compromissos de reforço de cooperação bilateral e um convite para Nyusi visitar Kiev.

Moçambique reiterou uma posição de neutralidade face ao conflito na Ucrânia e voltou a apelar a um “diálogo direto entre as partes como a via mais segura para pôr fim à guerra e para o retorno a uma coexistência pacifica entre países irmãos”, disse Mesquita, ao resumir o encontro de Nyusi com Lavrov.

Sobre a neutralidade de Moçambique, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo disse apreciar o facto de “Moçambique ter a sua própria posição”, acusando os países ocidentais de tentarem impor uma agenda a África para “não fazer comércio, não dialogar”, nem expandir relações com a Rússia.

“É o ‘não’ que domina”, disse, comparando a posição “arrogante” a uma forma de “neocolonialismo” que África rejeita, apontou Lavrov.

“Os amigos moçambicanos ouvem e decidem eles próprios, não cedendo a chantagens”, afirmou, considerando que o que está em causa para a Rússia é uma ameaça às suas fronteiras idêntica à que representou a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial.

Segundo Lavrov, “certos países cedem na votação, mas ao mesmo tempo decidem por si não aceitar qualquer tipo de sanções”, numa alusão aos votos nas Nações Unidas de condenação da invasão russa.

“Ao mesmo tempo, esses países continuam a cooperar connosco para encontrar as vias possíveis de incremento das nossas relações, apesar das dificuldades impostas pelas sanções ilegítimas e que estão a contrariar os princípios proclamados pelos ocidentais para o mundo globalizado”, resumiu.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, 8.895 civis mortos e 15.117 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

LFO // LFS

Lusa/Fim

By Impala News / Lusa

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