Moçambicano Venâncio Mondlane promete reforma do “Estado babilónico”

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelidou hoje o Estado moçambicano de “babilónico”, referindo que o vai reformar e despartidarizar como primeira medida caso seja eleito Presidente da República nas eleições de 09 de outubro.

Moçambicano Venâncio Mondlane promete reforma do

“O nosso Estado não é um Estado normal, é um Estado babilónico, então é preciso converter o Estado babilónico de Moçambique num Estado normal”, disse o candidato a Presidente da República, em entrevista à agência Lusa em Maputo.

Caso seja eleito na votação de outubro, Venâncio Mondlane promete reformar o Estado moçambicano e a governação como a sua primeira medida enquanto Presidente, transformando-o num Estado que “não dependa de um partido político e de alianças”, mas que se baseie na lei e na Constituição da República.

Mondlane quer ainda que Moçambique seja um Estado verdadeiramente republicano e de direito democrático: “Depois disso, faremos tudo pela educação, pela saúde, pelas forças armadas, pelo turismo, pela cultura, pelas artes, pela imprensa, pela comunicação social e todas as outras coisas”.

Considerando-se o candidato “mais bonito da história de Moçambique”, Venâncio Mondlane, 50 anos, falou ainda de outros cinco pilares do seu projeto de governação, entre os quais estão o desenvolvimento sustentável da economia, desenvolvimento humano e social, reconciliação nacional, modernização da defesa da soberania e combate ao crime organizado.

O político, um dos quatro que concorre a Presidente da República, defendeu também a necessidade de referendar os poderes do chefe de Estado, considerando-os excessivos, e a revisão da Constituição da República, introduzindo dois novos direitos fundamentais: “direito de beber água (…) e a nutrição infantil, sobretudo no ensino primário do primeiro ciclo”.

O candidato compromete-se ainda em resgatar a pátria, referindo que é o único com histórico comprovado de batalhas pelo povo moçambicano, face aos restantes concorrentes.

“Eu sou o único candidato que já abdicou de várias benesses e mordomias para defender o povo, para defender a sua própria pátria. Sou o único candidato que já renunciou a dois mandatos da Assembleia da República”, referiu, convidando os seus oponentes para um frente a frente.

Mondlane foi candidato pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas eleições municipais de 2023 à autarquia de Maputo, abandonou o partido em que militava desde 2018 – e o cargo de deputado para o qual tinha sido eleito -, depois de não ter conseguido concorrer à liderança do maior partido da oposição no congresso realizado em maio.

Após momentos de tensão com a Renamo, em que Venâncio levou o partido a tribunal, o candidato afirma que mantém, agora, uma relação de cordialidade com aquela formação política, havendo respeito pelo espaço político democrático de ambos.

“A minha relação com a Renamo está a normalizar (…). Neste momento não me posso queixar da Renamo, mas também não posso dizer que estamos numa relação amorosa, não chegamos a esse nível. Pelo menos há um respeito mútuo pelo espaço de cada um”, referiu.

Venâncio Mondlane concorre à Presidência de Moçambique junto de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, e Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar.

Questionado sobre a sua carreira política nos próximos cinco anos caso não seja eleito em outubro, e uma vez que não será também deputado face à exclusão da Coligação Aliança Democrática (CAD), cuja lista por Maputo ao parlamento liderava, Venâncio Mondlane afirmou que vai continuar a fazer o seu trabalho cívico.

“A minha vida política, cívica e social não está dependente de um ciclo eleitoral. O meu propósito neste mundo está muito para além de uma eleição a cada cinco anos”, concluiu o candidato.

Moçambique realiza em 09 de outubro as eleições gerais, incluindo presidenciais, legislativas e provinciais.

O atual Presidente da República, Filipe Nyusi, não vai concorrer no escrutínio, por já ter atingido o limite constitucional de dois mandatos.

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*** Luísa Nhantumbo (texto e fotos) e Estêvão Chavisso (vídeo) da agência Lusa ***

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By Impala News / Lusa

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