Mortágua acusa Montenegro e Von der Leyen de trocarem investimento em sustentabilidade “por bombas”

A coordenadora do BE acusou hoje o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de trocarem o investimento em sustentabilidade e transição climática “por bombas”, criticando a “deriva militarista” da União Europeia.

Mortágua acusa Montenegro e Von der Leyen de trocarem investimento em sustentabilidade

“Acuso diretamente Luís Montenegro e Von der Leyen de terem trocado o investimento em sustentabilidade, o investimento numa economia verde, o investimento numa transição climática, por investimento em bombas. Foi isso que fizeram em Bruxelas na última reunião. E com essa decisão, abandonaram o povo da Europa. Com essa decisão, abandonaram as pessoas às verdadeiras ameaças”, criticou Mariana Mortágua.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) falava no encerramento do “Encontro Ecossocialista”, que decorreu em Almada, distrito de Setúbal, e que contou com a participação da antiga líder bloquista e atual eurodeputada Catarina Martins.

Numa intervenção na qual criticou a “deriva militarista” a nível internacional e a “alucinação coletiva” na qual os “líderes europeus embarcaram” ao afirmarem que “a guerra é inevitável”, Mortágua criticou uma posição que tem sido defendida pelo primeiro-ministro de que os gastos em Defesa não devem ser vistos como despesa mas sim como investimento, e uma forma de fomentar a indústria e a investigação científica.

“Nós não precisamos da indústria da Defesa para ter atividade económica, investigação, criação científica, criação industrial e emprego. Precisamos de investimento. Mas Bruxelas e o Governo português têm uma visão sempre meio distorcida. Porque para a direita, para Bruxelas, para o Governo, a saúde, a educação, os cuidados, a transição climática são sempre, sempre despesas. Mas a Defesa já é investimento”, criticou.

A bloquista referiu de seguida declarações de Montenegro em Vila Real, na sexta-feira, onde afirmou que é o primeiro-ministro “mais escrutinado de sempre”.

“Há um problema de partida, que é termos um primeiro-ministro que acha que a transparência é um favor que se faz ao país e à democracia. E que acha que ser escrutinado é um sacrifício a que o próprio primeiro-ministro se presta perante a comunicação social, perante o parlamento e perante o país. Só isso indica que não foi feito para ser primeiro-ministro”, afirmou.

Além disto, continuou a bloquista, “é preciso dizer que o primeiro-ministro tem sim de ser escrutinado, e o Governo também, inclusive em gestão”, garantindo que o BE não deixará de o fazer.

A coordenadora do BE acusou o primeiro-ministro de ter apoiado “um plano para armamento para a guerra” na última reunião do Conselho Europeu, que se debruçou sobre investimentos em Defesa, entre outros temas.

“Portugal não tem hospitais abertos todos os dias. Não tem urgências obstétricas abertas todos os dias. Há gente a morrer de frio no Inverno e de calor no Verão. Portugal não tem uma habitação para quem precisa e há gente a construir barracas e a viver na rua porque não consegue ter uma casa. Pagar mais armas não é a nossa prioridade”, argumentou.

Salientando que o país vai entrar em breve em campanha eleitoral para as legislativas antecipadas de 18 de maio, Mariana Mortágua considerou importante que os partidos “digam ao que vêm”.

“E eu deixo aqui ao que vem o BE: connosco não há mais dinheiro para armamento. Connosco o dinheiro das casas não vai para bombas. O dinheiro dos hospitais não vai para bombas. Porque as pessoas têm que ser salvas de viverem ao relento. Têm que ser salvas das alterações climáticas”, defendeu.

Mariana Mortágua considerou ainda que “gastar mais em armas não trará paz” e argumentou que a atual “deriva militarista” é uma forma da Alemanha e de França recuperarem as suas economias, “arrastando consigo” os restantes países europeus.

ARL // SCA

By Impala News / Lusa

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