Número de deslocados à força ultrapassou os 400 mil só este ano na RDCongo

As Nações Unidas disseram hoje que o número de deslocados à força no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) superou as 400 mil pessoas nas primeiras três semanas deste ano, o dobro do registado na semana passada.

Número de deslocados à força ultrapassou os 400 mil só este ano na RDCongo

“O número de pessoas deslocadas só este ano é agora superior a 400 mil”, disse o porta-voz da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Matthew Saltmarsh.

Citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), numa conferência de imprensa das agências da ONU em Genebra, Saltmarsh acrescentou que o número de 400 mil é “quase o dobro do número registado na semana passada” neste país que faz fronteira, a sul, com Angola.

O número inclui 178.000 deslocados em Minova, Kalehe e outras áreas da província de Kivu do Sul, um movimento diretamente ligado à ofensiva do grupo armado Movimento 23 de março (M23), acrescentou o responsável.

Saltmarsh salientou que na segunda-feira “explosões no campo de deslocados de Kitalaga mataram duas crianças, no dia seguinte cinco abrigos foram destruídos em Nzuolo e na quinta-feira o campo de Bushagara foi gravemente afetado, causando pânico e novas vagas de deslocados”.

Citado também pela agência espanhola de notícias, a EFE, recordou ainda que as províncias do Kivu Norte e do Kivu Sul, palco das atuais hostilidades, já albergam 4,6 milhões de pessoas deslocadas internamente, uma proporção significativa dos 6,7 milhões de pessoas que fugiram das suas casas para escapar à violência.

Na mesma conferência de imprensa, a porta-voz do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani, manifestou a preocupação da agência com o risco de uma ofensiva do grupo armado M23 em Goma, a capital do Kivu do Norte.

“Um ataque a Goma poderia ter impactos catastróficos em centenas de milhares de civis e expô-los a violações e abusos dos direitos humanos”, alertou, defendendo que o apoio do Ruanda ao M23 e a outros grupos armados no Kivu “tem de acabar”.

“A Monusco [Missão das Nações Unidas na RDCongo] tem apelado repetidamente ao M23 para depor as armas e respeitar o cessar-fogo que está em vigor desde 04 de agosto”, disse.

Nos últimos dias, o M23 conseguiu um avanço contra o exército da RDCongo e, depois de tomar a cidade estratégica de Minova na terça-feira – o primeiro grande centro urbano que conquistou no Kivu Sul -, os rebeldes avançaram para a cidade de Sake, a cerca de 20 quilómetros de Goma, onde se registaram pesados confrontos com as forças do exército na quinta-feira.

Os combates no nordeste do país intensificaram-se nas últimas semanas, depois de ter sido cancelada a cimeira sobre o processo de paz prevista para 15 de dezembro em Angola, na qual deveriam participar os presidentes congolês e ruandês, Félix Tshisekedi e Paul Kagame, respetivamente, lembra a EFE.

Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da Monusco.

MBA // JMC

By Impala News / Lusa

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