Óbito/Papa: Brasil foi primeira visita do pontificado, Angola ficou por realizar
O Brasil foi o primeiro país que o Papa Francisco visitou, quatro meses depois de ser eleito, tendo visitado também os lusófonos Portugal, Moçambique e Timor-Leste, mas Angola ficou por visitar, apesar da sua vontade.

“Posso dizer com certeza, porque foi o Papa mesmo que me disse que reza por este povo e gostaria de visitar este país; sabemos que não é sempre muito fácil realizar tudo isto, mas, no futuro, pode ser realizada uma visita [a Angola]”, revelou o núncio apostólico de Angola e São Tomé e Príncipe, Dom Giovanni Gaspari, em abril do ano passado, no final de uma reunião de despedida com a vice-Presidente angolana, Esperança da Costa, depois de três anos e meio de missão em Angola.
O Papa Francisco, que morreu hoje no Vaticano, não chegou a concretizar a visita, mas, entre os países lusófonos, há vários que se podem orgulhar de o ter recebido, o primeiro dos quais foi o Brasil, que acumulou também a honra de ser o destino da sua primeira viagem, quando participou na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Rio de Janeiro, em julho de 2013, cerca de quatro meses depois de tomar posse, numa visita que ficou célebre pelas críticas aos bispos sul-americanos e pela missa de encerramento, que juntou três milhões de pessoas na praia de Copacabana.
A 28 de julho de 2013, no final da visita, apelou aos bispos latino-americanos para não se comportarem como “príncipes” autoritários: sejam “pastores, juntos do povo, homens que amam os pobres e não pensam nem se comportam como príncipes”.
“Os bispos devem liderar, o que não é a mesma coisa do que ser autoritário”, avisou num discurso em que também advertiu contra o “clericalismo”, no qual a Igreja projeta uma imagem de poder e de privilégio, cabendo ao leigo orar e obedecer.
A visita seguinte a um país lusófono aconteceu seis anos depois, em setembro de 2019, a Moçambique, no âmbito de uma viagem apostólica pela África Oriental.
O momento mais marcante foi a celebração de uma missa no Estádio Nacional do Zimpeto, o principal do país.
“Moçambique possui um território cheio de recursos naturais e culturais (…), mas apesar destas riquezas, uma quantidade enorme de população vive abaixo do nível de pobreza (…), por vezes, parece que aqueles que se aproximam com suposto desejo de ajudar têm outros interesses. É triste quando isto se verifica entre irmãos da mesma terra, que se deixam corromper “, referiu, na altura, Francisco.
Já hoje, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, lembrou o seu “compromisso incansável” com a paz e justiça social. “Neste momento, com corações em choque juntamo-nos ao mundo na despedida de um líder cuja luz brilhou intensamente, iluminando caminhos de fé e esperança”, disse Daniel Chapo, numa mensagem divulgada hoje pela Presidência moçambicana.
Timor-Leste, depois da participação nas Jornadas da Juventude, em Lisboa, em 2023, foi o último país lusófono visitado pelo líder católico, em 2024.
Aos timorenses pediu para continuarem a construir e a consolidar as instituições do país para que “estejam completamente aptas a servir o povo de Timor-Leste” e para que os “cidadãos se sintam efetivamente representados”.
“[Que] a fé que vos iluminou e susteve no passado continue a inspirar o vosso presente e o vosso futuro”, disse o Papa, lembrando que agora Timor-Leste tem um “novo horizonte, com céu limpo, mas com novos desafios a enfrentar e novos problemas a resolver”.
O Papa Francisco morreu hoje aos 88 anos, após 12 anos de um pontificado marcado pelo combate aos abusos sexuais, guerras e uma pandemia. Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica.
Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março. A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer.
MBA // JMC
By Impala News / Lusa
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