ONG moçambicana pede ao Governo para esclarecer fuga de 1.534 reclusos em Maputo

O Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD), Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana, pediu hoje ao Governo informações sobre a comissão de inquérito e para esclarecer a fuga de 1.534 reclusos em cadeias na província de Maputo.

ONG moçambicana pede ao Governo para esclarecer fuga de 1.534 reclusos em Maputo

“O país tem novo ministro da Justiça fruto do novo Governo, mas ele também está em silêncio. É da responsabilidade do ministro que superintende a área das prisões esclarecer aquela que é a maior evasão de reclusos na história do país”, lê-se no Boletim do CDD, divulgado hoje.

Em causa está a evasão, em 25 de dezembro, de 1.534 reclusos, após rebeliões nos estabelecimentos Penitenciário Especial da Máxima Segurança e Provincial de Maputo, localizados a mais de 14 quilómetros do centro da capital moçambicana, Maputo.

Durante a rebelião, 35 pessoas morreram, segundo Serviço Nacional Penitenciário de Moçambique (Sernap), que também anunciou, em janeiro, que 332 reclusos foram recapturados.

Após a evasão, o então vice-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Filimão Suaze, anunciou em 28 de dezembro passado a criação de uma comissão de inquérito para investigar o caso.

“Quase três meses depois ainda não há resultados do inquérito. Sequer se sabe sobre os termos de referência da comissão nem os seus integrantes (…) O ministro [da Justiça] deve trabalhar no sentido de apurar se a comissão foi mesmo criada”, afirma o CDD, pedindo para que seja publicada a composição da referida comissão em “nome da transparência”.

A organização aventa a possibilidade de a mesma não ter sido criada, pedindo a sua materialização ao novo ministro da Justiça com o objetivo de “chegar à verdade sobre o que aconteceu no dia 25 de dezembro e nos dias subsequentes”.

Antes a mesma ONG entregou, em 06 de janeiro, uma queixa à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os ministérios do Interior e da Justiça pelo “massacre” dos reclusos evadidos.

“Estivemos de manhã na Cadeia Central e na BO [cadeia de máxima segurança] para apurarmos as mortes ocorridas no dia 25 de dezembro, naquela situação de tentativa de fuga de prisioneiros, e a informação que apurámos é que 33 pessoas foram assassinadas pelas balas da polícia, sendo 30 da cadeia central e três da BO”, disse o diretor do CDD, Adriano Nuvunga, pouco depois da submissão da queixa na PGR.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide. 

O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

 

PME (LYCE) // VM

By Impala News / Lusa

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