ONU confirma conversas com Israel para retomar ajuda a Gaza
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou hoje estar em negociações com Israel sobre as modalidades do restabelecimento da entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

“As autoridades israelitas contactaram-nos para retomar a entrega de ajuda limitada, e estamos atualmente em discussões sobre como isso ocorreria, dadas as condições no local”, disse o OCHA num comunicado, sem dar mais pormenores.
A declaração da agência das Nações Unidas surge após Israel ter decidido autorizar a entrada no enclave palestiniano de uma pequena quantidade de ajuda depois de mais de dois meses de bloqueio.
No domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou o retomar do fluxo de ajuda humanitária para Gaza, que estava bloqueado desde 02 de março.
As autoridades israelitas apresentaram um plano apoiado pelos Estados Unidos para a criação de pontos de entrega de ajuda, que seriam geridos através de uma fundação recém-criada. A proposta de Telavive gerou críticas internacionais, incluindo da ONU.
Recentemente, as Nações Unidas admitiram que a fundação apoiada pelo Governo norte-americano poderia ser um mecanismo “para controlar e restringir ainda mais os fornecimentos”.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou que pelo menos 57 crianças morreram de fome em Gaza desde março e alertou que, se a terrível situação humanitária se mantiver, quase 71 mil crianças com menos de cinco anos poderão sofrer de subnutrição aguda nos próximos 11 meses.
Em declarações hoje em Genebra, Suíça, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que dois milhões de pessoas estão a passar fome na Faixa de Gaza, onde a escassez de alimentos aumentou devido ao bloqueio israelita à ajuda humanitária.
“O risco de fome em Gaza está a aumentar com a retenção deliberada de ajuda humanitária, incluindo alimentos, devido ao bloqueio em curso” promovido pelos israelitas, afirmou o representante.
Já hoje, Netanyahu assegurou que as tropas israelitas assumirão o controlo de todo o território da Faixa de Gaza, mas voltou a defender a sua decisão de permitir a entrada de ajuda humanitária, reconhecendo que esta medida foi motivada pela pressão exercida pela comunidade internacional.
A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 53 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
RJP (CSR) // SCA
By Impala News / Lusa
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