Oposição cabo-verdiana defende agenda diplomática clara e assertiva

O PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, apelou hoje à definição de uma “agenda diplomática clara” para reconversão da dívida em transição energética e políticas públicas assertivas para a diáspora, num debate parlamentar com o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Oposição cabo-verdiana defende agenda diplomática clara e assertiva

“Urge criar uma agenda diplomática clara no que tange à problemática da reconversão da dívida” em medidas de transição energética, afirmou o deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) Francisco Pereira, no primeiro dia de debate parlamentar, que termina na sexta-feira.

“Cabo Verde, como um país insular em desenvolvimento, com uma significativa diáspora espalhada pelo mundo, tem uma oportunidade única de desempenhar um papel mais ativo no contexto das nações”, acrescentou.

O deputado criticou ainda a política externa conduzida pelo Governo, liderado pelo Movimento para a Democracia (MpD), classificando-a como estando “à deriva”.

“Nos últimos tempos, temos assistido a uma diplomacia desprovida de visão estratégica e de sentido patriótico, marcada por uma evidente rutura com princípios pragmáticos da nossa ação externa. Não é momento para posições ambíguas nem para declarações embaraçosas na arena internacional, algumas das quais comprometem a soberania nacional e desaceleram o capital reputacional arduamente conquistado em quase cinco décadas de política externa”, afirmou.

Como exemplo, o deputado apontou que “ninguém se esqueceu da abstenção de Cabo Verde da Resolução da Assembleia Geral da ONU sobre o corredor humanitário na faixa de Gaza”.

Por sua vez, o deputado do Movimento pela Democracia (MpD, no poder) Aniceto Barbosa defendeu que a diplomacia cabo-verdiana tem alcançado “ganhos significativos” para o desenvolvimento do país.

Entre os avanços recentes, mencionou a seleção de Cabo Verde para um novo pacote de financiamento da Millennium Challenge Corporation, agência norte-americana, e o apoio financeiro de 319 milhões de euros da União Europeia através do programa Global Gateway.

“É fundamental manter uma visão estratégica das relações internacionais, acompanhando as dinâmicas no Atlântico e na Eurásia, bem como enfrentando desafios transnacionais como o desenvolvimento sustentável, as alterações climáticas, as migrações, a saúde global, a igualdade de género e a cibersegurança”, apontou.

Já o deputado da UCID João Santos Luís defendeu uma aproximação à CEDEAO.

“Não se compreende, por exemplo, o afastamento deliberado de Cabo Verde de determinadas ações a nível regional, como as promovidas pela CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental]”, referiu.

O assunto foi abordado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, José Filomeno Monteiro, que na intervenção de abertura defendeu um reforço da influência do arquipélago junto da CEDEAO.

A agenda da sessão plenária inclui uma proposta do Governo de alteração ao código eleitoral, que remonta a 2023, e que prevê a criação de um Sistema de Informação Eleitoral (SIE), a partir dos dados eletrónicos centralizados que já hoje são usados para o cartão nacional de identificação e outros documentos.

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By Impala News / Lusa

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