Opositor acusa Netanyahu de ignorar alertas de ataque do Hamas

O líder da oposição israelita, o ex-primeiro-ministro Yair Lapid, acusou hoje o seu sucessor, Benjamin Netanyahu, de não ter reagido ao alerta das autoridade de defesa, em meados do ano passado, sobre uma previsível agressão palestiniana.

Opositor acusa Netanyahu de ignorar alertas de ataque do Hamas

Na sua apresentação perante uma comissão civil de investigação, Lapid afirmou que Netanyahu e o seu Governo concentraram toda a sua atenção na aprovação parlamentar da sua reforma judicial – que pretendia reduzir a independência da Justiça – ignorando os avisos sobre ameaças à segurança nacional.

O líder da oposição garante que em julho de 2023 recebeu um relatório de Ronen Bar, chefe do serviço de informações Shin Bet, que fazia “avisos sem precedentes” sobre “as consequências para a segurança” devidas à polarização provocada pela reforma judicial.

Lapid recorda-se de ter perguntado a Bar se Netanyahu e os seus ministros estavam cientes “e a resposta foi: ‘Claro que estamos'”.

Em 21 de agosto de 2023, o conselheiro militar de Netanyahu, general Avi Gil, deu ao primeiro-ministro e a Lapid um ‘briefing’ de segurança no qual advertiu que os inimigos de Israel — o Irão e as suas milícias aliadas na região — tinham identificado “fraquezas” do lado israelita, incluindo “a divisão interna, tensões, falhas de prontidão no Exército e uma crise emergente com os Estados Unidos”.

Lapid disse que o aviso de Gil era grave, mas que Netanyahu “parecia indiferente ao assunto, e não o comentou”.

Além disso, Lapid afirma ter visto informações confidenciais fornecidas à Comissão dos Negócios Estrangeiros e da Defesa do Parlamento que indicava uma “mensagem inequívoca: a dissuasão israelita (contra os seus inimigos) tinha sido dramaticamente corroída”.

“O material revelava que Israel estava no mais alto nível de perigo”, sublinhou o opositor, que preside ao partido Yesh Atid, e que a 20 de setembro de 2023 já tinha alertado para o risco iminente de “um confronto em várias frentes”.

O partido de Netanyahu, Likud, reagiu a estas declarações garantindo que Lapid está a mentir.

“Netanyahu não recebeu qualquer aviso sobre a guerra em Gaza: nem um mês antes, nem sequer uma hora antes de 07 de outubro. Muito pelo contrário, e os protocolos comprovam-no”, pode ler-se num comunicado do Likud, que acusa Lapid de ser “a última pessoa que pode pregar a moralidade em questões de segurança”.

O líder da oposição garantiu que o Presidente israelita, Isaac Herzog, também recebeu os avisos de segurança e culpou também as autoridades de defesa por não terem agido com mais assertividade.

Em outubro, Netanyahu disse que “todos os responsáveis de segurança, incluindo o chefe das informações militares e o líder do Shin Bet, avaliaram que o Hamas tinha sido dissuadido”.

O Hamas desencadeou a guerra ao realizar um ataque surpresa contra Israel, em 07 de outubro, que incluiu o lançamento de cerca de 3.000 ‘rockets’ e a infiltração de cerca de mil militantes que massacraram 1.200 pessoas e raptaram outras 251.

Netanyahu, que não assumiu publicamente a responsabilidade pelo ataque, recusou-se a estabelecer uma comissão de inquérito estatal, apesar das exigências de alguns dos seus ministros, do procurador-geral e da sociedade civil.

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By Impala News / Lusa

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