Organização HRW vê ameaças à democracia no Brasil e critica amnistia para extremistas
O diretor da Human Rights Watch (HRW) no Brasil, César Muñoz, considerou hoje que a Democracia naquele país está ameaçada e criticou projetos de amnistia para extremistas que atacaram Brasília no dia 08 de janeiro de 2023.
“Em 2024 surgiram evidências muito fortes de tentativas de negar um direito básico dos brasileiros, que é o direito ao voto, de escolher um candidato que tenha um Governo representativo da vontade popular”, disse César Muñoz, diretor da HRW no Brasil, numa conferência de imprensa sobre o relatório mundial divulgado hoje pela organização, referindo-se ao plano de tentativa de golpe de Estado investigado pela polícia brasileira que alegadamente envolve o ex-Presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros e militares, após a derrota nas eleições de 2022.
“Não achávamos que o passado autoritário do Brasil voltaria, mas os factos acontecidos nos últimos anos mostram que existem ameaças reais ao sistema democrático brasileiro”, acrescentou Muñoz.
O diretor da HRW defendeu que as investigações em curso sobre as tentativas de golpe e os planos para assassinar autoridades, incluindo o atual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, precisam continuar.
“Nesse sentido, a discussão sobre uma amnistia que está sendo feita no Congresso [do Brasil] é muito prejudicial”, afirmou, referindo-se a projetos apresentados por políticos ‘bolsonaristas’ em favor dos apoiantes do ex-Presidente que foram presos e estão a ser julgados pelo STF por atacar às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 08 de janeiro de 2023, para criar o caos e derrubar o Governo de Lula da Silva.
De acordo com Muñoz, o Congresso brasileiro “deveria rejeitar qualquer amnistia, porque a impunidade abre o caminho para que os crimes aconteçam de novo”.
O representante da HRW também criticou uma outra amnistia aprovada pelo Congresso brasileiro, que isentou de punição partidos que não cumpriram regras da Justiça Eleitoral e aprovou mudanças nas normas sobre cotas para candidatos negros e mulheres, afirmando que isto representa uma “tentativa de empobrecer a democracia brasileira”.
Muñoz criticou ainda o aumento do dinheiro do orçamento do Governo Central brasileiro que tem sido controlado pelos parlamentares através de emendas.
“Ao mesmo tempo, através das emendas parlamentares, alguns deputados e senadores estão tentando favorecer interesses pessoais próprios, de permanecer e de serem reeleitos em lugar de defender os interesses da coletividade e do uso racional e transparente desses recursos”, concluiu.
CYR // MLL
By Impala News / Lusa
Siga a Impala no Instagram