Palestina pede ao Conselho de Segurança da ONU para atuar em Gaza

O embaixador palestiniano na ONU, Riyad Mansour, pediu hoje ao Conselho de Segurança para agir, na sequência dos bombardeamentos israelitas, que causaram mais de 400 palestinianos, sob pena do órgão “se tornar irrelevante”.

Palestina pede ao Conselho de Segurança da ONU para atuar em Gaza

“Vocês são o Conselho de Segurança, atuem. Parem estes atos criminosos com resoluções. Podem fazer isto, têm o poder, porque caso contrário tornar-se-ão irrelevantes”, disse Mansour, durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU focada na situação humanitária em Gaza. 

“Tornem a guerra inaceitável. Este é um momento histórico em que devem decidir de que lado estão. Os próximos dias são cruciais”, acrescentou. 

O representante palestiniano apelou ainda para o regresso de um cessar-fogo como “o único caminho a seguir” para a paz na Faixa de Gaza, algo que considerou um cenário distante porque, embora “a administração de Donald Trump tenha dado prioridade aos reféns”, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, está a “colocar a sobrevivência política em primeiro lugar”. 

Segundo os meios de comunicação israelitas, a equipa de defesa de Netanyahu solicitou a suspensão da audiência marcada para terça-feira nos casos de corrupção que enfrenta, argumentando que o foco devia estar na situação em Gaza. 

Imediatamente a seguir às declarações de Mansour, o vice-embaixador de Israel na ONU, Jonathan Miller, considerou a retomada da ofensiva brutal de Israel como “uma necessidade”, descrevendo os bombardeamentos como “ataques de precisão” contra “criminosos do Hamas”. 

De acordo com o Ministério da Saúde do enclave palestiniano, as mulheres e as crianças representam 65% das mais de 400 mortes registadas desde a noite passada. Além disso, morreram 109 homens e 32 idosos, cujo género não foi especificado no número de fatalidades. 

“Se há sofrimento em Gaza, não é por falta de assistência, mas porque o Hamas raptou toda a população civil para os objetivos de guerra (…), garantindo que nem a ajuda humanitária chega lá”, disse Miller, que desafiou o Conselho ao afirmar que “Israel não aceitará sermões” da comunidade internacional. 

No encontro, a maioria dos diplomatas criticou o reinício dos ataques israelitas, com a o Reino Unido, por exemplo, a considerar o número de vítimas assustador e a sublinhar que este conflito não pode ser resolvido por meios militares. 

Por sua vez, a representante interina dos Estados Unidos na ONU, Dorothy Shea, colocou toda a culpa do reinício das hostilidades “exclusivamente no Hamas”, advogando que “esta brutal organização terrorista recusou firmemente todas as propostas e prazos que lhe foram apresentados nas últimas semanas”. 

“É o povo de Gaza que vai sofrer ainda mais por causa do desrespeito do Hamas pela vida humana”, garantiu a diplomata norte-americana. 

Entretanto, o vice-embaixador da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, criticou a ofensiva israelita, argumentando que o Estado judaico forçou a Palestina e a comunidade internacional “a voltar a um clima de incerteza” com outra “tragédia de dimensões bíblicas”. 

Uma interpretação partilhada pelo representante permanente da China na ONU, Fu Cong, que instou Israel a cessar as violações do direito internacional humanitário e a “deixar de lado a obsessão em punir coletivamente os civis em Gaza”. 

 

MYMM // EJ 

By Impala News / Lusa

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