Paquistão vai deportar pelo menos 800 mil afegãos na terça-feira
As autoridades paquistanesas iniciam terça-feira uma campanha maciça de deportação dos 800.000 afegãos, titulares do Cartão de Cidadão Afegão (CAC), segundo dados das Nações Unidas.

Os cidadãos afegãos no Paquistão portadores de cartões CAC tinham autorização para viver legalmente no país, mas agora enfrentam com incerteza a decisão tomada a 07 de março pelo Ministério do Interior paquistanês que aconselhou todos os “estrangeiros ilegais e portadores de CCA a abandonarem voluntariamente o país (Paquistão) até 31 de março de 2025”.
“A deportação terá início a 01 de abril de 2025”, acrescentou Islamabad.
Cerca de 1,45 milhões de afegãos vivem no Paquistão com outro tipo de cartão de residência, conhecido como “Provas de Registo”, que lhes permitirá permanecer no país pelo menos até 30 de junho, depois de o país ter recentemente prorrogado o prazo.
O Governo paquistanês começou a emitir cartões CAC em 2017 em substituição da categoria anterior (Provas de Registo), que foram emitidos principalmente para os refugiados que fugiram do Afeganistão após a invasão soviética em 1979.
A ambos os grupos, que até agora viviam legalmente, juntam-se mais de 1,7 milhões de afegãos sem documentos que o Paquistão começou a deportar em novembro de 2023.
Nas últimas semanas, um relatório da Human Rights Watch (HRW) denunciou alegações de refugiados afegãos no Paquistão sobre pressões das autoridades paquistanesas e pedidos de suborno para evitar a sua expulsão do país onde residem.
Segundo o jornal britânico The Guardian, dezenas de mulheres ativistas afegãs exiladas no Paquistão enfrentam agora a possibilidade de voltar ao seu país, onde receiam ser presas ou até mesmo mortas segundo as novas leis impostas pelo regime Talibã.
A representante da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Paquistão, Philippa Candler, afirmou, num comunicado emitido para assinalar o fim do jejum do Ramadão, que “as últimas diretivas do Governo (paquistanês) representam uma perturbação significativa do tecido social de muitas comunidades”.
A representante do ACNUR, que fez apelos à cooperação entre as autoridades paquistanesas e afegãs, vincou que “a deslocação das comunidades que os acolheram (os refugiados) e um possível regresso ao Afeganistão, quando houve poucas oportunidades para planear a reconstrução das suas vidas nesse país, é pouco provável que seja sustentável”
A deportação em massa de afegãos do Paquistão ocorre numa altura de escalada de violência na zona fronteiriça entre o Paquistão e o Afeganistão, nas províncias de Khyber Pakhtunkhwa e Baluchistão.
Em Khyber Paktunkhwa, um grupo com ideais semelhantes aos dos talibãs afegãos, o Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP) ou Talibãs paquistaneses, têm levado a cabo ataques e Islamabad acusa-os de utilizarem o território afegão para levar a cabo os seus ataques. Esta província está a atravessar um período de aumento do terrorismo e da violência desde que os talibãs chegaram ao poder em Cabul em 2021.
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By Impala News / Lusa
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