PCP diz que Chega invocou razões erradas na moção de censura ao Governo

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, reafirmou hoje em Setúbal que há muitas razões para censurar o Governo, mas nenhuma delas estava presente na moção de censura do Chega, perante a qual os comunistas optaram pela abstenção.

PCP diz que Chega invocou razões erradas na moção de censura ao Governo

“Há razões suficientes para este Governo ser censurado, mas não pelas razões que aquele partido apresentou. Se forem ver bem o conteúdo da proposta, de todas as razões pelas quais este Governo merece censura, nenhuma delas esteve presente”, disse o líder comunista, reiterando a ideia de que o PCP também “não vai pôr a mão por baixo do Governo”.

“Não vamos pôr a mão por baixo – desculpem a expressão – de opções de um Governo que está num caminho desgraçado. Já o dissemos e eu vou repetir: este Governo é uma autêntica comissão de serviço dos interesses dos grupos económicos. Todos os problemas do nosso país, todos os problemas do nosso povo, [o Governo] transforma cada um desses problemas num negócio, numa oportunidade para os grupos económicos. É disto que nós estamos a falar. E, portanto, não queiram que o PCP – podem pedir isso a outros, ao PCP não – ponha a mão por baixo desta política”, frisou.

Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas durante uma visita à serra da Arrábida no âmbito da candidatura daquele património natural a Reserva da Biosfera da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês).

Acompanhado pelos presidentes de câmara dos três municípios da Arrábida (Palmela, Sesimbra e Setúbal), o dirigente deu alguns exemplos de problemas graves do país que, na opinião dos comunistas, não têm tido resposta.

“O Governo tem responsabilidades pelos salários, pela situação difícil, pelo aumento do custo de vida, pelo aumento dos alimentos, pelas dificuldades da maioria, para que uma pequena minoria se continue a encher. Não podíamos acompanhar aquela aparente unanimidade que só serviu para limpar as responsabilidades do Governo. Connosco o Governo não limpa as suas responsabilidades”, frisou Paulo Raimundo, justificando desta forma a abstenção do PCP na moção de censura ao executivo PSD/CDS.

O documento, apresentado na sexta-feira pelo Chega, foi chumbado na Assembleia da República com a abstenção do PCP e os votos favoráveis do partido proponente e do deputado não inscrito Miguel Arrida (ex-Chega).

PSD, CDS-PP, PS, IL, BE, Livre e PAN votaram contra.

A moção, intitulada “Pelo fim de um Governo sem integridade, liderado por um primeiro-ministro sob suspeita grave”, tinha origem na situação da empresa da qual Luís Montenegro foi sócio até junho de 2022 e que agora pertence à sua mulher e filhos de ambos.

Durante o debate no parlamento, todos os partidos acusaram o Chega de ter apresentado a moção de censura com o intuito de desviar a atenção das polémicas que têm envolvido membros do partido.

 

GR (TA/ARL/TYRS/JPS) // ROC

Lusa/Fim

 

By Impala News / Lusa

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