Pelo menos 30 mortos em manifestações anti-governamentais no Quénia

Pelo menos 30 pessoas foram mortas nas manifestações anti-governamentais de terça-feira no Quénia, de acordo com um balanço publicado hoje pela Human Rights Watch, o mais elevado de sempre num dia de protestos que se transformou em caos.

Pelo menos 30 mortos em manifestações anti-governamentais no Quénia

A ONG chegou a este número com base em “relatos de testemunhas oculares, informações publicamente disponíveis e registos hospitalares e funerários”.

Um relatório anterior do organismo oficial de proteção dos direitos humanos (KNHRC) estimava em 22 o número de pessoas mortas no país. O Grupo de Trabalho para a Reforma da Polícia, um grupo de ONG locais que inclui a secção queniana da Amnistia Internacional, declarou que, até à noite de 25 de junho, tinha contabilizado 23 mortes “causadas por disparos da polícia”.

As autoridades não deram qualquer explicação sobre este dia mortífero, que ficou marcado, em particular, pela invasão do Parlamento por manifestantes, pouco depois de os deputados terem votado o muito criticado projeto de orçamento para 2024-25, que introduzia aumentos de impostos.

De acordo com a HRW, os seus investigadores viram 26 corpos de manifestantes em várias morgues de Nairobi e outras investigações “mostram que a polícia matou pelo menos três pessoas na cidade de Eldoret, uma pessoa em Nakuru e uma em Meru”, afirmou a ONG num comunicado.

Tal como várias outras ONG, a HRW acusou a polícia de disparar munições reais, nomeadamente contra a multidão reunida em frente ao Parlamento, e apelou “às autoridades quenianas para que investiguem rapidamente, mas de forma credível e transparente, os abusos cometidos pela polícia”.

A HRW também relatou o testemunho de um ativista dos direitos humanos que afirmou que 22 pessoas foram mortas por “soldados” em Githurai, a cerca de 20 quilómetros a norte de Nairobi.

“Disparar diretamente contra multidões sem justificação, incluindo quando os manifestantes estão a tentar fugir, é totalmente inaceitável ao abrigo do direito queniano e internacional”, afirmou Otsieno Namwaya, diretor associado da HRW para África, no comunicado.

Depois de duas manifestações pacíficas em 18 e 20 de junho, o terceiro dia do movimento “Occupy Parliament”, lançado nas redes sociais para se opor ao projeto de orçamento 2024-25 do Governo liderado pelo Presidente William Ruto, que prevê a introdução de novos impostos, registou vários incidentes violentos.

O protesto foi fortemente mobilizado no seio da “Geração Z” (jovens nascidos por volta do ano 2000), antes de arrastar quenianos de todas as idades. O slogan anti-impostos tornou-se anti-Governo.

Na quarta-feira, o Presidente Ruto anunciou a retirada do projeto de orçamento votado pelo Parlamento.

MC // EA

By Impala News / Lusa

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