Populares incendeiam portagem na província moçambicana de Maputo

Populares incendiaram na quarta-feira uma portagem da Rede Viária de Moçambique (Revimo) na província de Maputo, sul do país, interrompendo o pagamento na mesma, disse hoje fonte oficial.

Populares incendeiam portagem na província moçambicana de Maputo

Em declarações à Lusa, Juarce Martins, chefe de departamento de relações públicas da polícia moçambicana (PRM) na província, explicou que o incidente deu-se entre às 17:00 e 20:30 (menos duas horas em Lisboa), no distrito de Matutuine.

“Cerca de 100 indivíduos fizeram-se à portagem da Revimo na cidade de Bela Vista designada Mudissa, onde atearam fogo”, disse.

De acordo com a fonte, os populares incendiaram pelo menos três cabines da portagem.

“Foi possível debelar o fogo. Conseguiu-se recuperar duas cabines e o equipamento que lá estava”, disse Juarte Martins, avançando ainda que, após o incidente, a Revimo parou de cobrar os valores na portagem.

A Rede Viária de Moçambique (Revimo), responsável pela construção, conservação e exploração de várias estradas nacionais, anunciou no sábado que retomaria na segunda-feira a cobrança de taxas nas portagens no país, suspensas devido aos protestos pós-eleitorais.

Também a sul-africana Trans African Concessions (TRAC), concessionária da estrada N4, que liga Maputo à fronteira de Ressano Garcia, retomou, na quinta-feira, a cobrança de portagens, causando igualmente revolta popular.

O então candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou em dezembro ao não pagamento de portagens no país, sendo que, após a destruição e vandalização de algumas cabines de cobrança, várias foram fechadas, sem receber pagamentos.

Entretanto, num documento publicado na terça-feira, com 30 medidas que exige para os próximos 100 dias, Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados oficiais das eleições gerais de 09 de outubro que deram a vitória a Daniel Chapo, voltou a apontar a não cobrança de portagens em todo o país como exigência.

Já a Revimo refere que as taxas cobradas através das portagens garantem a manutenção das infraestruturas rodoviárias, afirmando que vai continuar a implementar medidas para a mitigação dos custos, “incluindo descontos” para o transporte coletivo de passageiros e de utilizadores frequentes.

Moçambique vive desde 21 de outubro um clima de forte agitação social, protestos, manifestações e paralisações, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, com confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, além de saques e destruição de equipamentos públicos e privados.

De acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, nestes protestos há registo de pelo menos 315 mortos, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 pessoas baleadas.

 

LYCE (PVJ) // VM

Lusa/Fim

 

 

By Impala News / Lusa

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