PR cabo-verdiano defende reinvenção estratégica da CEDEAO no 50.º aniversário
O Presidente cabo-verdiano defendeu hoje que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) precisa de uma reforma estratégica adaptada às transformações económicas, tecnológicas e geopolíticas da região, que vá além de “ajustes técnicos ou estruturais”.

“Os desafios que se colocam hoje à região impõem uma reflexão crítica e uma renovada ambição. A CEDEAO deve ser capaz de se reinventar face às profundas transformações económicas, às rápidas evoluções tecnológicas e às novas dinâmicas geopolíticas que moldam o século XXI”, afirmou José Maria Neves, em comunicado, a propósito do 50.º aniversário da organização.
O chefe de Estado disse que essa reforma não pode limitar-se a “ajustes técnicos ou estruturais”, defendendo que “exige uma redefinição estratégica do seu mandato, dos seus instrumentos e das suas prioridades, com vista a garantir uma integração verdadeiramente eficaz, resiliente e inclusiva”.
“A instabilidade política, os golpes de Estado, as ruturas constitucionais e as ameaças terroristas que afligem a sub-região recordam-nos que a paz continua a ser uma construção frágil e inacabada”, alertou.
Considerou que a prosperidade duradoura só é possível onde existirem instituições legítimas, justiça social e respeito pelos direitos fundamentais, pelo que “a revitalização da CEDEAO deve passar por um compromisso inequívoco com a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos”, afirmou.
O Presidente cabo-verdiano apontou ainda a importância de revalorizar o protocolo da CEDEAO sobre democracia e boa governação, adotado em 2001.
“Este instrumento fundamental consagrou, de forma pioneira, os princípios da governação legítima, da justiça social e da prevenção de conflitos (…) é urgente garantir a sua plena implementação”, afirmou José Maria Neves, que reiterou o apoio de Cabo Verde a uma governação democrática, transparente e participativa na sub-região.
“A paz não se define apenas pela ausência de conflito armado” e construir sociedades pacíficas “exige não apenas instituições eficazes, mas o envolvimento ativo da sociedade civil e o reforço da cidadania”, defendeu.
“Uma CEDEAO verdadeiramente transformadora será aquela que escuta os seus povos, que promove o diálogo local e que valoriza a diversidade como força”, afirmou.
Neste contexto, defendeu um maior envolvimento da juventude da África Ocidental no processo de integração.
“Representando mais de 60% da população regional, os jovens devem estar no centro das estratégias de integração, inovação e transformação social. Investir na juventude, na sua educação, participação política e potencial criativo é investir na paz duradoura, na resiliência democrática e no futuro da região”, sustentou.
“A celebração deste cinquentenário é mais do que uma evocação do passado, é um apelo à ação. Inspirados pelas conquistas acumuladas e conscientes dos desafios que se avizinham, devemos renovar o nosso compromisso com uma CEDEAO capaz de conjugar desenvolvimento económico com justiça social, e progresso material com cultura de paz”, concluiu.
A CEDEAO celebra hoje o 50.º aniversário com uma cerimónia em Lagos, Nigéria, com a presença dos presidentes dos países-membros para elogiar as conquistas do bloco e traçar um novo rumo para o futuro.
A escolha de Lagos, capital económica da Nigéria, como sede da celebração tem uma explicação histórica, pois foi naquela cidade que a organização foi fundada, em 28 de maio de 1975, com a assinatura do Tratado de Lagos.
O tratado foi então assinado por Nigéria, Gana, Senegal, Burkina Faso, Costa do Marfim, Benim, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Serra Leoa, Mauritânia, Mali, Libéria, Níger e Togo.
Cabo Verde aderiu em 1977, enquanto a Mauritânia abandonou o bloco em 2000.
Atualmente, a organização é composta por 12 Estados, após a saída em janeiro passado de Burkina Faso, Níger e Mali, países governados por juntas militares, que criaram a Aliança dos Estados do Sahel.
RS // ANP
By Impala News / Lusa
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