Presidente do Conselho Europeu garante apoio a Moçambique após tragédia em Nampula
O Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, garantiu o apoio da União Europeia a Moçambique na sequência das dificuldades que o país atravessa, nomeadamente o naufrágio que vitimou 98 pessoas em Nampula, em carta dirigida ao Presidente moçambicano.
“Em nome da União Europeia, gostaria de transmitir as minhas sinceras condolências aos entes queridos das pessoas perecidas e ao povo de Moçambique. Sabemos que estão atualmente a enfrentar grandes provações, nomeadamente os surtos de cólera e as inundações. Em tempos difíceis como este, podem contar com a União Europeia para continuar a ajudar Moçambique como um parceiro de longa data”, refere-se na carta de condolências enviada ao Presidente Filipe Nyusi.
Na missiva, divulgada hoje pela Embaixada da União Europeia em Maputo, o Presidente do Conselho Europeu diz estar “confiante de que o Governo e o povo moçambicano encontrarão a força necessária para ultrapassar esta tragédia e continuar a envidar esforços no sentido de criar um futuro melhor para todos”.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, garantiu na quarta-feira que o Governo está empenhado em evitar que se repita a tragédia de domingo, ao largo de Nampula, no norte, em que morreram 98 pessoas no naufrágio de um barco de pesca.
“Nós perdemos naquele barco que saiu daqui e ia para a Ilha [de Moçambique] 98 pessoas (…) O problema aqui, daquilo que percebemos, é que viajaram num barco de pescar”, começou por dizer, ao dirigir-se à população do Posto Administrativo de Lunga, província de Nampula, para onde viajou na quarta-feira.
“Não podemos evitar o que aconteceu. Mas estamos convosco e estaremos convosco”, insistiu o chefe de Estado.
Filipe Nyusi acrescentou que “viajaram muitas pessoas” naquele barco, com capacidade para apenas “15 ou 20”, mas prometeu medidas no futuro.
“O que vamos fazer é procurar formas para evitar que estes problemas possam surgir mais amanhã”, disse ainda o Presidente da República.
O acidente matou 98 pessoas, incluindo 55 crianças, 34 mulheres e nove homens, havendo registo de 16 sobreviventes entre os cerca de 130 que seguiam a bordo.
De acordo com as autoridades marítimas moçambicanas, a embarcação de pesca não estava autorizada a transportar passageiros nem tinha condições para o efeito e as pessoas que transportava fugiam a um surto de cólera no continente, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de 100 metros da costa.
O dono e um responsável pela embarcação, que partiu no domingo de Lunga, distrito de Mossuril, com destino à Ilha de Moçambique, estão detidos, disse à Lusa a porta-voz da polícia na província de Nampula, Rosa Chaúque.
O Provedor de Justiça de Moçambique, Isaque Chande, também apelou ao Governo para melhorar as condições de transporte no país, por via marítima, face ao naufrágio em Nampula.
“Encorajamos, deste modo, o Ministério dos Transportes e Comunicações para, através dos seus canais de comunicação, reforçar a fiscalização e adotar medidas para o melhoramento das condições nas quais os nossos compatriotas são transportados por via marítima, em particular, para que se evitem tragédias similares no futuro”, lê-se numa mensagem de condolências do Provedor de Justiça.
Na sequência da tragédia, o Conselho de Ministros de Moçambique decidiu decretar luto nacional de três dias, a partir das 00:00 do dia 10 de abril até às 24 horas do dia 12 de abril.
O Conselho de Ministros decidiu ainda criar uma comissão de inquérito para aprofundar as circunstâncias, causas e responsabilidades em relação ao acidente e submeter recomendações ao Governo, disse o porta-voz do executivo, Filimão Suaze, em conferência de imprensa no final da reunião.
Em relação à desinformação sobre a cólera que levou a uma fuga das pessoas vítimas do naufrágio, o porta-voz do Governo defendeu a intensificação das campanhas de educação e sensibilização das comunidades sobre as causas e tratamento da doença.
PVJ // VM
By Impala News / Lusa
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