Presidente do Quénia promete acabar com raptos de críticos do Governo
O Presidente do Quénia, William Ruto, prometeu pôr fim aos raptos, um dia depois da agência de defesa dos direitos humanos ter manifestado preocupação com o desaparecimento de críticos do Governo
“Queremos todos caminhar juntos. Quero exortar todos os pais que os nossos filhos são uma bênção de Deus e que devem cuidar deles e que o Governo fará a sua parte”, disse na sexta-feira Ruto, num discurso citado pela televisão Citizen.
“Os raptos são importantes. Vamos pará-los. Para que os jovens quenianos possam viver em paz e ter disciplina para que possamos construir o Quénia juntos”, disse o chefe de Estado, por ocasião de um jogo de futebol.
Também na sexta-feira, o antigo vice-presidente Rigathi Gachagua acusou o Estado e o Presidente de responsabilidade, ligando o desaparecimento dos jovens às críticas dirigidas à governação de Ruto.
Um dia antes, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos do Quénia tinha manifestado preocupação com o crescente número de críticos do Governo que aparentemente terão sido raptados, porque quatro pessoas foram dadas como desaparecidas no fim de semana passado.
Com este novo balanço, o número total de raptos aumenta para 82 desde os protestos antigovernamentais de junho, sublinhou a entidade autónoma.
Quatro utilizadores das redes sociais desapareceram depois de terem partilhado imagens de Ruto, geradas por inteligência artificial e consideradas ofensivas pelos apoiantes do Governo.
A comissão alertou na quinta-feira que o Quénia está a regressar aos “dias negros” do desaparecimento de críticos do Governo. O rapto e a tortura de elementos da oposição eram comuns durante o executivo (1978-2002) do falecido Presidente Daniel Moi.
“Gostaríamos de recordar ao NPS [National Police Service, a polícia nacional queniana] o seu papel na proteção dos quenianos contra estes atos violentos, especialmente tendo em conta que estes raptos estão a acontecer em plena luz do dia, com alguns deles a serem capturados por câmaras de vigilância, mas ainda não há detenções”, afirmou a presidente da comissão, Roselyne Odede.
Os grupos de defesa dos direitos humanos alegam que as forças policiais do Quénia estão por detrás dos raptos, mas estas negaram o seu envolvimento e disseram estar a investigar os desaparecimentos.
Um comunicado conjunto de 21 grupos de defesa dos direitos humanos, emitida na quarta-feira, apelava à polícia para que encontrasse os responsáveis pelos raptos. “A ausência de ação cria um precedente perigoso e encoraja novas violações dos direitos humanos”, lê-se no documento.
Em outubro, nove enviados especiais europeus manifestaram a sua preocupação com os desaparecimentos forçados e instaram Ruto a garantir a justiça.
O Quénia foi um dos países africanos eleitos para o Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em 09 de outubro.
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By Impala News / Lusa
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