Presidente Putin admite preocupação com inflação elevada na Rússia

O Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu hoje que a inflação galopante na Rússia é um “sinal preocupante”, mas procurou tranquilizar os russos sobre as perspetivas da economia do país em guerra há quase três anos.

Presidente Putin admite preocupação com inflação elevada na Rússia

“A inflação é um sinal preocupante”, admitiu Putin nos primeiros minutos da sua grande conferência de imprensa anual, citado pela agência francesa AFP.

A taxa de inflação acelerou para 8,9% em novembro, enquanto as autoridades têm como objetivo oficial uma subida de 4% dos preços.

A inflação deverá aproximar-se dos 9% até ao final do ano, depois de quase 7,5% em 2023, ano em que a Rússia invadiu a Ucrânia, e 12% em 2022.

“O que é desagradável e mau é a subida dos preços. Mas espero que, se os indicadores macroeconómicos se mantiverem, consigamos fazer face à situação”, disse Putin.

A inflação na Rússia é alimentada, em particular, pela explosão das despesas militares com a guerra contra a Ucrânia, pelos efeitos das sanções ocidentais e pelo aumento dos salários.

A subida dos salários é uma consequência direta da escassez de mão-de-obra no mercado de trabalho, uma vez que as empresas são obrigadas a oferecer vencimentos atrativos para recrutar.

A rara confissão de Putin ocorre na véspera de uma reunião muito aguardada do Banco Central da Rússia (BCR), que poderá aumentar a sua taxa diretora, que já está em 21%, um máximo de 20 anos.

Os analistas esperam que a taxa diretora suba um ou dois pontos percentuais, segundo a AFP.

Esta possibilidade já provocou a indignação dos principais empresários russos, que a denunciaram como “uma loucura” que restringe os investimentos e trava a economia nacional.

Na conferência anual transformada num programa de televisão visto por milhões de pessoas, Putin tentou tranquilizar os russos, referindo que os salários subiram e que a situação é, de um modo geral, estável.

“A situação da economia russa no seu conjunto é estável, apesar das ameaças externas e das tentativas de a influenciar”, afirmou, aludindo às sanções ocidentais por causa da guerra contra a Ucrânia.

Depois de ter resistido às sanções nos últimos três anos, a economia russa dá sinais de esgotamento há várias semanas, com uma inflação a corroer o poder de compra, taxas de juro em alta que prejudicam as empresas, queda do rublo e perspetivas sombrias para 2025.

A moeda russa está no seu ponto mais fraco em relação ao dólar e ao euro desde março de 2022, com o dólar a ser atualmente negociado a mais de 100 rublos.

Putin afirmou que espera que o PIB aumente “3,9%, talvez 4%” no final do ano, mas o BCR prevê um forte abrandamento no próximo ano, com um crescimento entre 0,5% e 1,5% previsto para 2025.

O diretor-executivo do principal banco russo, o Sberbank, German Gref, alertou recentemente para os “sinais significativos de abrandamento” da economia e “o perigo de estagflação”, quando ocorre em simultâneo uma inflação elevada e um crescimento muito fraco.

“A situação é difícil. Toda uma série de mutuários vai encontrar-se numa situação difícil, os bancos vão estar numa situação difícil”, afirmou num fórum sobre investimento em 06 de dezembro.

“Tudo depende do tempo que durar a diferença entre a inflação real e as taxas de juro do mercado. Nunca houve uma diferença tão grande, não podemos sobreviver assim durante muito tempo”, advertiu Gref, que foi ministro do Desenvolvimento Económico entre 2000 e 2007.

PNG // APN

By Impala News / Lusa

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