PS vai pedir apreciação parlamentar do plano para as migrações do Governo

O PS anunciou hoje que vai pedir a apreciação parlamentar do Plano de Ação para as Migrações para assegurar um “regime transitório” sobre a revogação da manifestação de interesse, que permita regularizar casos pontuais, prejudicados pela medida.

PS vai pedir apreciação parlamentar do plano para as migrações do Governo

 

“O PS vai dar entrada com um pedido de apreciação parlamentar” da proposta do Governo, afirmou o deputado Pedro Delgado Alves, salientando que “não é com o intuito de voltar ao que já existia”, mas sim uma “reflexão alargada sobre como garantir um regime transitório” para quem não cumpre, na totalidade, os requisitos de regularização.

E deu o exemplo de “quem tem 11 meses e meio de descontos”, quando a legislação exige a um ano.

O objetivo não é “revogar pura e simplesmente” a decisão de extinguir a figura das manifestações de interesse, porque isso iria aumentar o “efeito de chamada” de novos imigrantes, acrescentou durante um debate na Assembleia da República.

O Chega agendou para hoje no parlamento um debate sobre imigração e apresentou várias propostas, entre as quais a introdução de quotas, limites ao acesso a apoios sociais, apoios ao regresso voluntário, subordinar a atribuição de autorização de residência a quem tenha contrato de trabalho ou limitar o número de pessoas por habitação.

As manifestações de interesse eram um recurso legal que existia em Portugal até ao início deste mês e que permitia a um estrangeiro regularizar-se desde que tivesse 12 meses de descontos, mesmo que tivesse entrado como turista.

A proposta do Governo passa pela atribuição da responsabilidade do filtro na entrada aos consulados portugueses no exterior.

Pedro Delgado Alves afirmou ainda que o plano segue as propostas que constam na pasta de transição governamental sobre o tema.

Os contributos do PS estavam na “pasta de transição do governo” que o PSD decidiu seguir, como o “ensino da língua portuguesa, o prescindir de uma política de quotas, ter a AIMA [Agência para a Integração, Migrações e asilo] sem um perfil policial” ou “privilegiar a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]” nas entradas, afirmou Pedro Delgado Alves, que criticou a posição do Chega nesta matéria.

“Quando falham os argumentos, quando falha a humanidade, surgem as ameaças e os gritos”, mas “aquilo que nos une é mais do que nos separa”, com “exceção daquele partido que procura dividir”, afirmou Pedro Delgado Alves.

Para o deputado, “há esta ideia que há uma situação intencional” por parte do PS em criar um problema migratório, mas essa “avaliação é injusta” porque “toda a Europa enfrenta a questão das migrações”.

Pedro Delgado Alves rejeitou também a posição do Chega, que recusou comparar os problemas dos imigrantes em Portugal com os dos emigrantes portugueses nos anos 1960 e 1970.

“Claro que comparamos e é nosso dever comparar. Eles enfrentam os mesmos problemas, quem emigra para Portugal foge da miséria e da pobreza e foge da guerra”, afirmou.

Em resposta, Pedro Pinto (Chega) Pedro Pinto afirmou que os “emigrantes se sentiram envergonhados com as declarações de Pedro Delgado Alves”.

Já António Rodrigues (PSD) criticou o “processo falhado de extinção do SEF” e a “degradação do sistema e das políticas de integração”, mas recusou o estabelecimento de quotas, embora admitindo que as entradas “serão ponderadas em função das necessidades do país”.

“Portugal deve ter as portas abertas, mas não escancaradas” e, sobre os novos pedidos, o governo cuidou de estabelecer um método”, que evitasse o “uso abusivo e sistemático do mecanismo” das manifestações de interesse.

“O plano do Governo não é um documento fechado e todos aguardamos os contributos dos partidos”, afirmou o deputado, desafiando o PS a validar o plano do governo.

O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, criticou o discurso do Chega sobre imigrantes no parlamento, em particular do seu presidente.

“Aquilo que nos distingue mesmo, que nós nunca podemos jamais admitir, onde nunca nos podemos rever, é numa intervenção de qualquer partido que use da palavra para dizer ‘connosco não há humanismo que resista'”, afirmou Hugo Soares.

Em resposta à proposta de um regime transitório, João Almeida (CDS) avisou que essa sugestão do PS iria criar um “efeito de chamada” de mais imigrantes para Portugal.

O líder do Chega, André Ventura, trouxe ao debate a notícia de uma violação em Beja alegadamente perpetrada por um cidadão de origem paquistanesa, levando a líder do PAN, Inês Sousa Real, a criticar essa acusação genérica a todos os imigrantes.

“Quantas violações são feitas pelos portugueses de bem?” — questionou, considerando que esta acusação é um “desrespeito à condição feminina”.

Já Rui Tavares, do Livre, recordou que “os imigrantes vão para onde a economia cresce e há trabalho” e quando os “imigrantes vêm, ajudam a economia a crescer”.

Por isso, “deixar a imigração sem canais só deixa espaço aos traficantes de seres humanos, patrões sem escrúpulos e os políticos oportunistas”, acrescentou, defendendo uma maior ação da Autoridade para as Condições de Trabalho.

PJA/FM // ZO

By Impala News / Lusa

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