Rahim Aga Khan é entronizado hoje em cerimónia discreta diferente da do pai

A entronização do 50.º imã dos muçulmanos ismaelitas, Rahim Aga Khan, decorre hoje em Lisboa, numa cerimónia discreta, bem diferente das que o seu pai protagonizou em 1957, que começaram em Dar-es-Salaam e terminaram seis meses depois.

Rahim Aga Khan é entronizado hoje em cerimónia discreta diferente da do pai

De acordo com informação oficial, a entronização do 50.º imã hereditário dos muçulmanos ismaelitas decorre na manhã de hoje na sede mundial do Imamat Ismaili, em Lisboa.

A cerimónia consiste na apresentação de cumprimentos e homenagem dos líderes mundiais da comunidade ismaili ao novo imã.

Será um momento de caráter reservado, na presença de toda a família e altos responsáveis do Imamat Ismaili, e será nessa altura que o Shia Ismaili, príncipe Rahim Aga Khan, 50.º imã dos muçulmanos ismaelitas, fará o seu primeiro discurso.

Rahim Aga Khan sucede ao seu pai, Karim Aga Khan, que morreu na semana passada.

Na manhã de 19 de outubro de 1957 o então jovem Karim estava prestes a protagonizar a mesma cerimónia, mas frente a milhares de pessoas que acorreram a Dar-es-Salaam, Tanzânia, para o saudar.

O avô, Aga Khan III, tinha-o nomeado herdeiro da dinastia e Karim tornou-se Aga Khan IV, o 49.º imã, naquele sábado, no mesmo local onde o avô tivera uma vez o seu peso igualado em diamantes, uma oferta dos seus seguidores.

A “coroação” de Aga Khan estaria no dia seguinte, 20 de outubro de 1957, na primeira página do Diário de Notícias, com tanto destaque como a visita de Isabel II aos Estados Unidos, a tensão entre a Turquia, a Síria e a Rússia, ou o satélite Sputnik que na altura orbitava a Terra.

No jornal explicava-se que Karim tinha recebido a coroa, o manto, os colares e o selo, insígnias do acesso ao imamato, numa cerimónia “espetacular” à qual assistiram 30 mil pessoas.

A cerimónia começou com um grande cortejo, incluindo um globo terrestre onde figuravam as principais comunidades ismaelitas, e um dístico com a frase “uma casa para todos”, a lembrar o fundo criado pelo avô com os diamantes oferecidos.

O cortejo incluía uma girafa pneumática, um foguete, um coche, bailarinos e uma orquestra, um moinho de cartão ao estilo dos Países Baixos, e fogo-de-artifício à chegada do príncipe, vestido com uma túnica negra.

Foram depois, de acordo com o relato do jornal, lidas algumas passagens do Corão, tendo Aga Khan recebido de seguida o anel simbólico, uma capa bordada a ouro, uma espada, um colar de ouro, e o símbolo supremo, um turbante ornamentado a ouro.

Durou duas horas a cerimónia. E no final Karim discursou.

“Meu avô dizia muitas vezes: vivemos na idade atómica. Que quer isso dizer? Certamente muito mais que a lua artificial russa. Pois, mais importante nesta época é a criação de fontes de energia ilimitadas para uso da humanidade”.

E depois uma promessa: “Consagrarei a minha vida à comunidade para a guiar nos problemas suscitados por estas bruscas mudanças”.

A cerimónia, intitulada Takht-Nashini, na então Tanganica foi a primeira de várias.

Outras Takht-Nashini haveriam de decorrer em Nairobi, Quénia, logo a 22 de outubro e três dias depois em Kampala, Uganda.

Em janeiro de 1958 seria a vez de Carachi, no Paquistão e depois em Daca, atual Bangladesh, em fevereiro, e finalmente em Mumbai, na Índia, a 11 de março.

FP // FPA

By Impala News / Lusa

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