Rússia diz que ainda não foi tomada “nenhuma decisão” sobre encontro com Trump

O Kremlin (presidência russa) afirmou hoje que ainda não foi tomada “nenhuma decisão” sobre a data do encontro entre os líderes russo e norte-americano, Vladimir Putin e Donald Trump, respetivamente, que poderá demorar “vários meses” a ser organizada.

Rússia diz que ainda não foi tomada

“Até ao momento, não foi tomada qualquer decisão. Será necessário tempo para preparar este encontro. Pode levar semanas, ou um mês, ou vários meses”, afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, numa entrevista ao canal russo Pervy Kanal.

Peskov frisou também o papel dos Estados Unidos como “principal interlocutor” nas futuras negociações sobre a resolução do conflito ucraniano, desencadeado pela invasão russa em fevereiro de 2022.

“O nosso principal interlocutor neste processo é Washington”, sublinhou Peskov durante a entrevista.

Na quarta-feira, Donald Trump e Vladimir Putin mantiveram uma longa conversa telefónica em que, entre outros assuntos, discutiram a guerra na Ucrânia e comprometeram-se a iniciar “de imediato” negociações sobre o assunto.

Peskov afirmou que Vladimir Putin e Donald Trump não discutiram o envolvimento da União Europeia (UE) na resolução do conflito durante a sua conversa e defendeu que cabe aos próprios europeus falar com Washington para “de alguma forma, marcar o seu lugar” nas negociações de paz.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou hoje que não aceitará nenhum acordo sobre a Ucrânia que não inclua Kiev nas negociações.

Nos seus primeiros comentários à comunicação social após a chamada telefónica entre Putin e Trump, que posteriormente conversou com o próprio Zelensky, o líder ucraniano disse que o principal era “não permitir que tudo corra de acordo com o plano de Putin”.

“Não podemos aceitar, enquanto país independente, quaisquer acordos [feitos] sem nós. Quero deixar isto muito claro aos nossos aliados: quaisquer negociações bilaterais sobre a Ucrânia, não sobre outros temas, mas quaisquer conversas bilaterais sobre a Ucrânia sem nós, não aceitaremos”, frisou Zelensky aos jornalistas, durante uma visita a uma central nuclear no oeste da Ucrânia.

Nesse sentido, o porta-voz do Kremlin garantiu que a Ucrânia participará “de uma forma ou de outra” nas futuras conversações de paz.

“De uma forma ou de outra, a Ucrânia participará nas conversações. Haverá uma secção bilateral russo-americana deste diálogo e uma secção ligada à participação da Ucrânia”, explicou Peskov durante a entrevista televisiva.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

JYFR // JMR

By Impala News / Lusa

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