Sudão do Sul com 871 mortes desde outubrodevido a cólera, casos recentes associados a cortes na ajuda
Pelo menos 871 pessoas morreram por cólera no Sudão do Sul desde outubro, com uma Organização Não-Governamental (ONG) a associar pelo menos oito óbitos nas últimas semanas a cortes de ajuda humanitária.

A ONG disse que as mortes, entre estas as de cinco crianças, foram registadas no estado de Jonglei, no leste do país, onde fecharam sete centros de saúde e cerca de outros 20 centros são parcialmente geridos por voluntários, mas não podem transportar pacientes como faziam antes dos cortes.
“Deveria haver uma indignação moral global pelo facto de as decisões tomadas por pessoas poderosas noutros países terem provocado a morte de crianças em apenas algumas semanas”, declarou o diretor da Save the Children no Sudão do Sul, Chris Nyamandi, sublinhando que as necessidades dos menores nos países afetados por conflitos devem ser priorizadas.
O diretor médico do hospital governamental de Akobo, onde a maioria dos casos de cólera estão a ser tratados, descreveu a situação como “catastrófica”, num país onde se registaram 46.716 casos de cólera desde outubro.
Esta é a última consequência do fim dos programas da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês)- em países afetados por conflitos e pela seca em toda a África Oriental, deixando milhões de pessoas a necessitar de ajuda imediata.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) alertou para o facto de a fome no Sudão do Sul estar a atingir níveis recorde, com “quase 7,7 milhões de pessoas a enfrentar níveis de fome classificados como crise, emergência ou catastróficos”.
Os cortes de financiamento na África Oriental também afetaram os programas na Somália, onde mais de seis milhões de pessoas enfrentam uma insegurança alimentar aguda, sendo que mais cortes de financiamento podem empurrar milhões de pessoas para uma situação de fome generalizada.
Em março, o PAM afirmou que 3,4 milhões de somalianos já se encontravam em situação de crise de fome ou pior e que, a partir de abril, apoiaria “820.000 pessoas mensalmente com alimentos e assistência em dinheiro, abaixo de um pico de 2,2 milhões alcançado mensalmente em 2024”.
O Departamento de Estado dos EUA afirmou, na terça-feira, que reverteu os cortes de financiamento dos projetos de emergência do PAM em 14 países empobrecidos, incluindo a Somália, dizendo que tinha rescindido alguns dos contratos de ajuda vital por engano.
“Na Somália, a ajuda desempenha um papel vital no apoio às pessoas deslocadas internamente, às pessoas afetadas pelo conflito e a outras comunidades vulneráveis que dependem fortemente da assistência humanitária”, afirmou Mohamed Elmi Afrah, um trabalhador humanitário e analista político sediado na Somália, sublinhando que os efeitos dos cortes de financiamento eram globais, mas o “impacto é especialmente grave em África”.
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By Impala News / Lusa
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