Tarifas: Futuro chanceler alemão defende acordo de comércio livre com EUA
O futuro chanceler da Alemanha, o conservador Friedrich Merz, defende um acordo transatlântico de livre comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos com tarifas “zero”, na linha do que foi expresso por Elon Musk.

Numa entrevista ao diário económico Handelsblatt, Merz, que acaba de concluir um acordo de coligação com os sociais-democratas para formar governo em maio próximo, disse que foi um erro não ter conseguido levar a bom porto o TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership), o grande acordo de comércio livre transatlântico.
“Em vez disso, tivemos debates sem sentido sobre frango clorado. Olhando para o futuro: o comércio livre continua a ser necessário e a base da nossa prosperidade mútua. E sim, aguardo com expetativa um novo acordo de comércio livre transatlântico. Zero direitos aduaneiros para tudo. Isso seria melhor para ambas as partes”, afirmou.
As negociações entre a UE e os EUA sobre um acordo global de comércio e investimento, o TTIP, foram interrompidas por Trump em 2017, no início do seu primeiro mandato, e têm estado congeladas desde então.
Merz, que já defendeu um acordo de comércio livre com os EUA durante a campanha eleitoral, quer deslocar-se a Washington, embora ainda não haja uma data marcada para o efeito, disse, pois quer primeiro continuar as consultas estreitas que já iniciou sobre esta questão com os parceiros europeus.
O líder conservador considerou que os EUA “não vão passar à autossuficiência e dizer adeus a todos os mercados”, mas se acabarem por fazê-lo, a Europa deve “lembrar-se que o mundo não se resume aos EUA”.
“Temos de abordar outras regiões do mundo com mais vigor do que no passado e fazer ofertas de cooperação e novos acordos de comércio livre. Chegou o momento da União Europeia”, afirmou.
Merz tem em mente países como o Canadá, o México, a Índia, o Japão, a Coreia do Sul e toda a região do Sudeste do Pacífico, até à Austrália e à Nova Zelândia.
O futuro chanceler alemão defendeu mais uma vez que o acordo de comércio livre com o Mercosul “deve entrar em vigor rapidamente”.
O líder da União Democrata-Cristã da Alemanha (CDU) defende, em todo o caso, perante as tentativas de Trump de dividir a UE, que a Europa deve falar a uma só voz sobre as tarifas impostas por Trump, mas confiou, nas palavras do próprio líder norte-americano, que o Velho Continente conseguirá fechar “um acordo” com a Casa Branca.
“Faremos ‘negócios’ quando servirem interesses comuns e não porque nos exigem. O setor dos serviços também faz parte do quadro geral. E se o incluirmos na balança de transações correntes entre os EUA e a Europa, então o défice já não é tão grande”, afirmou.
Questionado sobre se a Europa deveria comprar mais gás natural dos EUA, como exige Trump, Merz argumentou que a UE precisa de gás, incluindo dos EUA.
“Afinal, queremos construir rapidamente centrais elétricas a gás com tecnologia CCS, ou seja, captura e armazenamento de CO2. Estamos a abandonar o compromisso unilateral com o hidrogénio, que ainda nem sequer temos”, afirmou.
Merz excluiu a possibilidade de criar uma nova dependência energética depois de se libertarem da Rússia.
“Nós próprios temos algumas reservas de gás na Europa e podemos obter gás de muitas outras partes do mundo. A Alemanha continuará a ser um importador de energia primária. Mas devemos ter sempre vários fornecedores e não estar dependentes de um só”, defendeu.
MC // MSF
By Impala News / Lusa
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