Timorenses mostraram maturidade ao mundo

O cardeal Virgílio do Carmo da Silva, arcebispo de Díli, afirmou hoje que os timorenses mostraram “maturidade ao mundo” durante a visita que o Papa Francisco realizou a Timor-Leste.

Timorenses mostraram maturidade ao mundo

“Para dizer que, mais uma vez, nós mostramos ao mundo a nossa maturidade como timorenses, como cristãos, como católicos”, afirmou o arcebispo de Díli.

O cardeal Virgílio do Carmo da Silva falava após um encontro com o primeiro-ministro para fazer o balanço da visita de Francisco ao país, entre segunda-feira e hoje, no âmbito de um périplo à região.

Milhares de timorenses acompanharam a passagem do Papa Francisco pelas ruas da cidade de Díli e centenas de milhares participaram na missa em Tasi Tolu, com o Vaticano a indicar a presença de cerca de 600.000 pessoas no recinto.

“Para mim, primeiro foi um milagre”, disse o arcebispo de Díli, salientando, contudo, que estavam criadas as condições para a presença dos fiéis, porque todos estavam convidados para a festa.

“O registo provocou alguma resistência, mas, eu pessoalmente, confiei que todos iriam participar e vi logo a realidade no primeiro dia”, afirmou o único cardeal de Timor-Leste, referindo-se à forma como os timorenses receberam o Papa na segunda-feira, após ter aterrado no aeroporto internacional de Díli.

“Cada timorense, cada cristão, sentiu que era uma festa para todos”, afirmou o cardeal Virgílio do Carmo da Silva.

O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão felicitou o povo e destacou o comportamento “muito bom dos jovens”, de “harmonia e de paz” e “sem violência”.

Xanana Gusmão e o arcebispo de Díli agradeceram também o trabalho de todos os que estiveram envolvidos na organização da visita do Papa Francisco.

Questionado pela Lusa sobre a advertência do Papa aos timorenses, pedindo-lhes para terem cuidado com os crocodilos que mordem, Xanana Gusmão disse que era preciso “saber interpretar as palavras” de Francisco.

“Quando o Papa Francisco falou de artes marciais e para as utilizarem como arte e não para criar violência, para se matarem, baterem uns aos outros, comparou aqueles que não seguem os ensinamentos da fraternidade humana com crocodilos que mordem, que matam”, afirmou Xanana Gusmão.

No primeiro discurso que fez em Díli, na segunda-feira, o Papa Francisco manifestou preocupação com a “formação de bandos que, munidos dos conhecimentos de artes marciais, em vez de os utilizarem ao serviço dos indefesos, utilizam-nos como ocasião para mostrar o poder efémero e nocivo da violência”.

Depois no final da missa de terça-feira, em Tasi Tolu, pediu aos timorenses para “estarem atentos” porque “em algumas praias vivem crocodilos”, que “nadam” e “mordem”.

“Estejam atentos a esses crocodilos, que querem mudar-vos a cultura e a história”, afirmou Francisco.

“Não se aproximem desses crocodilos porque mordem e mordem muito”, disse, perante os aplausos dos timorenses, depois de ter sido traduzido para tétum.

A visita do Papa teve início na segunda-feira com uma cerimónia de boas-vindas na Presidência timorense e um encontro com as autoridades, sociedade civil e corpo diplomático timorense.

No segundo dia da visita, o ponto alto foi a missa realizada em Tasi Tolu, a cerca de dez quilómetros a oeste de Díli, para centenas de milhares de pessoas.

Desde as primeiras horas da manhã, milhares de timorenses posicionaram-se nas estradas da cidade, para um último adeus a Francisco antes de partir para Singapura, onde termina sexta-feira a 45.ª viagem apostólica internacional e a mais longa, que teve início na Indonésia e incluiu também a Papua Nova Guiné.

MSE // JMC

Lusa/Fim

By Impala News / Lusa

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