Tribunal Constitucional valida resultado de Presidenciais da Roménia

O Tribunal Constitucional da Roménia validou hoje, após nova contagem, os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, marcadas pela surpreendente vitória do candidato ultranacionalista Calin Georgescu.

Tribunal Constitucional valida resultado de Presidenciais da Roménia

A alta instância “decidiu confirmar e ratificar os resultados das eleições de 24 de novembro e organizar a segunda volta a 08 de dezembro”, informou a presidente do tribunal, Marian Enache.

Num país em clima de turbulência política, a decisão do Tribunal Constitucional clarifica a situação e permite uma segunda volta das eleições presidenciais no próximo domingo, nas condições inicialmente previstas.

As autoridades romenas questionaram a influência russa no escrutínio, mas também o papel da rede social TikTok, devido à forte presença na plataforma do candidato ultranacionalista. A rede social negou “categoricamente” ter favorecido o candidato presidencial.

A segunda volta será disputada entre o candidato ultranacionalista Calin Georgescu e a candidata conservadora Elena Lasconi, que tiveram os dois melhores resultados na primeira ronda, por esta ordem.

Na quinta-feira, o Tribunal Constitucional pediu ao Gabinete Central Eleitoral que fizesse uma recontagem dos votos das eleições presidenciais, depois de queixas apresentadas pelo candidato Cristian Terhes, um eurodeputado de extrema-direita que ficou em nono lugar na votação e que acusou um dos partidos de ter continuado a fazer campanha ‘online’ após o prazo autorizado.

Terhes argumentou que Elena Lasconi terá sido favorecida pela transferência de votos do candidato Ludovic Orban, que desistiu da corrida presidencial.

A recontagem “não revelou fraude suscetível de alterar o resultado das eleições”, segundo o Tribunal Constitucional.

Na primeira volta, realizada em 24 de novembro, contra as expectativas gerais, Georgescu venceu com 23% dos votos, seguido de Lasconi, que se impôs – por uma margem estreita e apenas cerca de dois mil votos – ao primeiro-ministro, o social-democrata Marcel Ciolacu, que após o desaire eleitoral apresentou a sua demissão do cargo de presidente do partido.

Entre as duas voltas das eleições presidenciais, os romenos votaram no domingo para eleger o seu parlamento, eleições legislativas que resultaram num parlamento fragmentado com um avanço da extrema-direita.

Os sociais-democratas (PSD), herdeiros do Partido Comunista, ficaram em primeiro lugar nas sondagens e no escrutínio, mas obtiveram apenas 22% dos votos, de acordo com os resultados apurados.

Logo atrás, o partido de extrema-direita AUR arrecadou 18%.

Este foi o primeiro de três partidos do bloco nacionalista, com quase 32% no total de votos, que melhorou o seu desempenho nas urnas. O AUR obteve mais do triplo do resultado que registou em 2020.

Juntamente com o AUR, o SOS Roménia — liderado pela polémica candidata pró-Kremlin, Diana Sosoaca — e o Partido da Juventude (POT), ambos a entrar pela primeira vez no parlamento, deixa a extrema-direita como principal bloco político na Roménia.

Estes partidos estão unidos na oposição ao apoio à Ucrânia em nome da “paz” e da promessa de defender os “valores cristãos”, embora seja muito o que os separa.

Para travar as intenções deste bloco de extrema-direita, vários líderes políticos lançaram apelos a um “Governo de unidade nacional” resolutamente pró-europeu.

Mas tudo dependerá de quem será o novo chefe de Estado, já que este cargo tem o controlo da nomeação do primeiro-ministro, tendo ainda uma significativa autoridade moral e influência na política externa.

RJP // SCA

By Impala News / Lusa

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