Trump qualifica de desagradável bispa de Washington e exige desculpas por discurso
Donald Trump qualificou hoje a bispa episcopal de Washington, Mariann Budde, de “desagradável”, um dia após a religiosa ter manifestado num sermão preocupação com o medo semeado pelo presidente norte-americano entre imigrantes e membros da comunidade LGBTQ+.
“Esta pseudo-bispa que falou no serviço nacional de oração, na terça-feira de manhã, era uma radical de esquerda que odeia Trump”, escreveu o líder norte-americano na plataforma Truth Social, rede social da qual é proprietário. Donald Trump, que tomou posse na segunda-feira como 47.º Presidente dos Estados Unidos, acrescentou que a religiosa foi “desagradável no tom e não foi convincente nem inteligente”.
“Ela e a sua igreja devem um pedido de desculpas ao público”, escreveu. Mariann Budde fez na terça-feira um apelo direto a Donald Trump para que tenha misericórdia da comunidade LGBTQ+ e dos trabalhadores imigrantes indocumentados. Referindo-se à crença de Trump de que foi salvo por Deus de ser assassinado, Budde disse: “Sentiu a mão providencial de um Deus amoroso. Em nome do nosso Deus, peço-lhe que tenha misericórdia das pessoas que estão assustadas neste momento no nosso país”.
Wow. Bishop Mariann Edgar Budde fearlessly calls out Trump and Vance to their faces. This is heroic. pic.twitter.com/igyKzC8dRo
— MeidasTouch (@MeidasTouch) January 21, 2025
A Administração Trump já emitiu ordens executivas a revogar direitos dos transgénero e a endurecer as políticas de imigração, noticiou na terça-feira a agência Associated Press (AP). Na terça-feira, quando regressava à Casa Branca, Trump foi questionado sobre o sermão: “Não foi muito emocionante, pois não?. Não achei que fosse um bom serviço”, apontou o Presidente norte-americano, enquanto caminhava com a equipa em direção à Sala Oval.
O sermão de Mariann Budde na Catedral Nacional de Washington foi amplamente focado na unidade nacional. Trump e o vice-presidente J.D. Vance estiveram presentes com familiares, juntamente com o presidente da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso), o republicano Mike Johnson, e o nomeado para o cargo de secretário da Defesa, Pete Hegseth.
Budde afirmou que os presentes se reuniam “para orar pela unidade como povo e nação – não por acordo, político ou outro – mas pelo tipo de unidade que promove a comunidade através da diversidade e da divisão”. Mais de uma dúzia de líderes religiosos falaram durante o culto inter-religioso, incluindo os de tradições judaica, muçulmana, budista e hindu. Os evangélicos conservadores, que estão entre os maiores apoiantes de Trump, não foram convidados a assumir o papel de orador, ainda que alguns se tivessem sentado nos bancos da igreja.
A Catedral Nacional de Washington acolheu 10 cerimónias oficiais de tomada de posse de presidentes de ambos os partidos. A tradição remonta a 1933. O serviço mais recente teve um destaque diferente dos anteriores. O foco esteve na nação e não na nova Administração, um plano traçado antes do dia das eleições. “Estamos num momento único na história do nosso país, e é tempo de abordar isto de forma diferente”, tinha destacado o reverendíssimo Randy Hollerith, reitor da catedral episcopal, numa declaração em outubro.
Budde, que fez o sermão deste ano, já anteriomente se tinha juntado a outros líderes para criticar Trump, repreendendo a “retórica racializada” e culpando-o por incitar à violência em 6 de janeiro de 2021, quando ocorreu a invasão do Capitólio. A única parte do culto realizado na terça-feira que pareceu feita à medida de Trump foi a inclusão do cantor de ópera Christopher Macchio, que também cantou o hino nacional na tomada de posse. O tenor cantou “Ave Maria”, música favorita de Trump e que Macchio cantou num comício de Trump e na Convenção Nacional Republicana. Antes do início do culto, Macchio cantou hinos como “How Great Thou Art” e outro dos favoritos de Trump, “Hallelujah”, escrito por Leonard Cohen.
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