Turquia apela à Europa para repatriar cidadãos presos por ‘jihadismo’

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, defendeu hoje que os países europeus devem repatriar os seus cidadãos presos em campos de detenção na Síria por combaterem pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico.

Turquia apela à Europa para repatriar cidadãos presos por 'jihadismo'

“A Turquia tem uma posição clara: todos os países devem repatriar os seus cidadãos combatentes pelo EI presos nestes campos”, disse Fidan, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo belga, Bernard Quintin, que se encontra em visita oficial a Ancara.

Fidan sublinhou que não existe um estatuto legal claro ou um procedimento previsto para as pessoas detidas nestes campos, que são geridos por milícias curdas, como a Unidade de Proteção Popular Curda (YPG), após ter derrotado o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI) em 2019, o que se “pode transformar numa grande crise”.

O chefe da diplomacia turca criticou ainda os países europeus por “empregarem outra organização terrorista” para vigiar estes campos, referindo-se à YPG, considerada por Ancara como uma ramificação da guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que classifica como um grupo terrorista.

Após o início da guerra civil na Síria, em 2011, os curdos instrumentalizaram o enfraquecimento do Presidente sírio, Bashar al-Assad, e proclamaram uma região autónoma no norte do país, o que tem vindo a atrair a hostilidade turca.

O ministro belga afirmou que “a segurança dos campos está garantida, mas tem que se trabalhar para se encontrar uma solução, porque eles não podem ficar lá para sempre”, disse, referindo-se aos membros das milícias curdas que atualmente guardam os campos.

“Falámos sobre isto e acreditamos que é o governo sírio que deve ser responsável. Tem de ser um governo inclusivo”, disse Quintin, recordando que o Governo belga já havia realizado dezenas de repatriações em 2022.

Fidan sublinhou também que existem combatentes estrangeiros nas fileiras das YPG e exigiu a estes que abandonem a Síria o mais rapidamente possível do país.

O ministro turco reforçou ainda o compromisso da Turquia em garantir que as novas autoridades sírias respeitem os direitos de todas as minorias.

“Sob o regime opressivo de Bashar al-Assad, milhões de árabes sunitas tiveram de fugir e nós acolhemo-los sem hesitação. Nesta nova Síria, não nos interessa se são uma maioria ou uma minoria, se são nusairis, curdos, cristãos. A Turquia protegê-los-á sempre”, prometeu Fidan.

Numa Síria multiconfessional e multiétnica, as novas autoridades têm tentado assegurar à comunidade internacional que respeitarão os direitos das minorias no país.

“O novo governo sírio é sensível a esta questão e esperamos que não aconteça nada, mas se acontecer alguma coisa, a Turquia estará sempre ao lado dos oprimidos e faremos o que for necessário”, reiterou o ministro turco.

O grupo islamita Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que tem na sua génese ligações aos grupos extremistas al-Qaida e ao Estado Islâmico (EI), liderou a ofensiva relâmpago que pôs fim, a 08 de dezembro, ao regime de Bashar al-Assad.

A Turquia tem vindo a exercer uma influência considerável na Síria desde 2016, mantendo relações com HTS, classificado como grupo terrorista por muitos países ocidentais.

JYFR // JH

By Impala News / Lusa

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