Turquia começou a enterrar as vítimas do incêndio em hotel de luxo em estância de esqui
A Turquia começou hoje a enterrar os mortos do incêndio, que vitimou pelo menos 79 pessoas num hotel de luxo numa estância de esqui no centro do país, provocando muita emoção e acusações de negligência.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, mostrou-se emocionado no funeral de oito membros da família de um antigo membro do seu partido AKP, na capital vizinha de Bolu.
O chefe de Estado foi fotografado a secar os olhos com um lenço branco, com o rosto virado para o chão.
Na sequência de análises de ADN, o Ministério Público de Bolu aumentou esta noite o balanço de mortos de 76 para 79 pessoas na sequência das chamas registadas no hotel Grand Kartal, em Kartalkaya.
Enquanto doze pessoas permanecem hospitalizadas, a imprensa local continua a enumerar as negligências que, argumentam, levaram a este número muito elevado de mortos, incluindo a ausência de alarme de incêndio.
“Não há desculpa para este tipo de mortes em 2025”, declarou Özgür Özel, líder do CHP, o principal partido da oposição turca, na terça-feira à noite, em frente ao imponente hotel com a fachada enegrecida, onde decorreram hoje buscas de possíveis vítimas em pleno dia de luto nacional.
Neste período de férias escolares na Turquia, famílias inteiras estavam alojadas neste hotel, situado a duas horas de Ancara e a menos de quatro de Istambul, e foram dizimadas, surpreendidas durante o sono pelas chamas e pelo fumo.
“Quando cheguei, havia chamas por todo o lado, ouviam-se gritos (…) Vi uma pessoa saltar da janela”, declarou à agência France Presse Cevdet Can, diretor de uma escola de esqui da estância, dizendo-se muito “afetado” pela morte de um grande número de crianças.
“Perdi cinco dos meus alunos”, declarou Necmi Kepcetutan, um instrutor de esqui que escapou às chamas.
Outros sobreviventes já se tinham queixado na terça-feira da falta de alarmes de incêndio e de portas corta-fogo no hotel Grand Kartal.
Onze pessoas, incluindo um vice-presidente da Câmara Municipal de Bolu, o chefe dos bombeiros da cidade, o proprietário do Grand Kartal, o seu diretor-geral e o seu chefe eletricista, foram detidas no âmbito de uma investigação lançada pelo Ministério da Justiça, que nomeou seis procuradores.
A direção do hotel manifestou o seu “pesar” e declarou que “cooperará com as autoridades para esclarecer este acidente”.
O estabelecimento, cujas estadias custam várias centenas de euros por noite, estava praticamente cheio durante as férias escolares de inverno na Turquia, com 238 hóspedes registados.
Segundo o Ministério do Turismo, o hotel tinha sido “inspecionado” pelos bombeiros em 2021 e 2024, mas vários meios de comunicação turcos afirmaram hoje que a última inspeção tinha ocorrido em 2007.
O Ministério e o município de Bolu, na oposição, acusam-se mutuamente de certificar o cumprimento das normas de segurança.
As autoridades afirmaram que o incêndio deflagrou pouco antes das 03:30 (00:30 de Lisboa) de terça-feira e que os bombeiros chegaram ao local em menos de 45 minutos. Mas testemunhas e sobreviventes afirmaram que o fogo tinha começado mais cedo.
O ministro do Turismo negou que não houvesse saídas de emergência, como afirmaram alguns dos sobreviventes, dizendo que o hotel tinha duas.
“Vi as saídas de emergência, mas aconselho-vos a comparar as dos hotéis vizinhos com as deste hotel”, disse à AFP, sob condição de anonimato, um socorrista da Agência de Gestão de Catástrofes.
PL // RBF
By Impala News / Lusa
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