Venezuelanos batem recorde com 1.262 protestos em um mês

Os venezuelanos realizaram 1.262 protestos em janeiro, batendo o recorde mensal de manifestações , segundo dados divulgados pelo Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS)

Venezuelanos batem recorde com 1.262 protestos em um mês

Venezuelanos batem recorde com 1.262 protestos em um mês

Os venezuelanos realizaram 1.262 protestos em janeiro, batendo o recorde mensal de manifestações , segundo dados divulgados pelo Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS)

O documento divulgado na quinta-feira fala de “um número recorde de manifestações. Em média registaram-se 42 protestos por dia, mais do dobro do registado em janeiro de 2022, quando houve 534 protestos”.

Segundo o OVSC, “os direitos laborais representam a maior exigência dos venezuelanos” e “a maioria dos protestos foi para reivindicar direitos económicos e sociais”, seguindo-se os direitos “à segurança social, aos serviços básicos e à participação política”.

“Os trabalhadores do setor da educação foram os grandes protagonistas dos protestos, realizando, todas as segundas-feiras, protestos em massa aos que se juntaram reformados, pensionistas e empregados públicos”, explica o relatório.

Segundo o OVCS, o estado venezuelano de Bolívar registou o maior número de protestos (153), seguido de Mérida (120), Táchira (105), Miranda (91), Anzoátegui (87), Carabobo (75), Lara (65), Falcón (63), Portuguesa (57) e Barinas (56).

Em Caracas registaram-se 33 protestos e no vizinho estado de La Guaira 21.

“Foram documentados 18 protestos reprimidos em 12 [dos 24] estados e 13 pessoas foram detidas”, explica o documento.

O OVCS apontou como motivos “a perda do poder aquisitivo do trabalhador venezuelano, perante o pouco valor do salário perante o cenário inflacionário” e de utilização do dólar norte-americano.

Os profissionais exigem respeito pelo direito à live associação e manifestação pacífica dos trabalhadores, “sem que sejam ameaçados, atemorizados, ou detidos por sair a protestar e reclamar a restituição das suas reivindicações salariais”, disse o relatório.

Os trabalhadores condenam ainda as “reformas forçadas, antecipadas e não consensuais” implementadas em empresas básicas e a deterioração das infraestruturas educativas e hospitalares, assim como a falta de recursos e equipamento para o seu funcionamento e manutenção, num país onde “o salário mínimo oficial é equivalente a menos de seis dólares [5,6 euros] por mês”, disse o OVCS.

“As condições para dispor de serviços básicos na Venezuela estão a piorar com o passar do tempo sob o olhar indolente e a inação das autoridades competentes. Todos os dias, os habitantes das cidades e aldeias realizam protestos como uma medida desesperada para viverem uma vida digna, com acesso à água, eletricidade e gás, como parte de outros serviços básicos que se estão a tornar cada vez mais caros”, explica o documento.

Segundo o relatório, é comum que as pessoas se vejam “obrigadas a pagar valores em moeda estrangeira para receber água de camiões-cisterna” ou percorrer longas distâncias para se abastecerem em fontes improvisadas, rios, praias ou riachos.

“A falta de água vai além da esfera doméstica, afetando a prestação de serviços de saúde, assistência médica, atividades académicas”, sublinha.

O OVCS diz ainda que estão a aumentar as reclamações por “apagões elétricos prolongados que interrompem as atividades diárias, afetam o funcionamento de eletrodomésticos e a preservação de alimentos”.

O documento menciona ainda denúncias e reclamações sobre demoras de semanas e meses na venda e distribuição de botijas de gás.

Em janeiro, “o OVCS registou cerca de 105 manifestações relacionadas com o direito à participação política, promovidas principalmente por membros de partidos da oposição, que saíram à rua para exigir um sistema eleitoral independente e eleições presidenciais”, lê-se no documento.

O relatório diz ainda que “os apoiantes do Governo de Nicolás Maduro marcharam exigindo o fim das sanções económicas impostas pelos Estados Unidos”.

FPG // VQ

By Impala News / Lusa

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