Venezuelanos realizaram perto de sete mil protestos em 2023

Um total de 6.956 protestos foram realizados na Venezuela no ano passado, de acordo com um relatório publicado pelo Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais.

Venezuelanos realizaram perto de sete mil protestos em 2023

Caracas, 10 fev 2024 (Lusa) – Um total de 6.956 protestos foram realizados na Venezuela no ano passado, de acordo com um relatório publicado na sexta-feira pelo Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS).

Este número, que equivale a 19 protestos por dia, representa uma diminuição de 1% em relação a 2022, quando foram documentados 7.032 protestos, explica o OVCS no relatório “Conflitos na Venezuela em 2023”.

Segundo o OVCS, 5.583 protestos, 80% do total documentado, serviram para reivindicar direitos económicos, sociais, culturais e ambientais e 1.373 (20%) estiveram relacionados com a exigência de direitos civis e políticos.

O relatório explica ainda que “os baixos salários, a ineficiência das políticas públicas, o colapso das infraestruturas de serviços básicos e os casos de grande corrupção afetam a qualidade de vida e a dignidade dos venezuelanos”.

Também que os trabalhadores, reformados e pensionistas têm liderado, durante os últimos três anos, manifestações pacíficas no país para exigir salários e pensões dignas como estabelece a Constituição da Venezuela.

“Os vizinhos [de bairros populares] ocupam o segundo lugar como atores de protestos que exigem do Estado políticas públicas que atendam a prestação de serviços básicos de qualidade (…) que as autoridades garantam o direito a habitação digna, com acesso a água potável, gás doméstico, eletricidade permanente, tratamento de águas residuais, serviço telefónico e também que os núcleos populacionais tenham estradas asfaltadas e que os veículos possam ser abastecidos com combustível”, lê-se no documento.

Segundo o OVCS, os protestos relacionados com direitos civis e políticos foram protagonizados por simpatizantes e líderes políticos da oposição e do Governo.

“Inicialmente, as manifestações giraram em torno da ativação do Registo Eleitoral Permanente e da exigência de garantias de transparência nas jornadas eleitorais. Este processo esteve marcado por desqualificações políticas e intervenções contra os partidos da oposição”, afirma.

Do mesmo modo, os apoiantes do Governo manifestaram rejeição contra as sanções económicas e exigiram a libertação do empresário Alex Saab, detido em Cabo Verde e extraditado para os EUA.

“A guerra entre a Palestina e Israel levou o setor pró-Governo a mobilizar-se, saindo às ruas do país para condenar o conflito bélico. Do mesmo modo, a realização de um referendo consultivo, em dezembro de 2023, provocou uma série de manifestações pró-governamentais em apoio à campanha governamental ‘O Essequibo é nosso’. A radicalização do discurso de reivindicação de soberania sobre o território em disputa [com a Guiana] gerou preocupação na comunidade internacional”, refere.

Ainda segundo o OVCS, o Movimento dos Direitos Humanos reafirmou a exigência de um espaço cívico e democrático com garantias de que os ativistas possam defender os seus direitos sem medo de que venham a ser criminalizados, estigmatizados ou perseguidos.

“Registou-se também um aumento do número de protestos para exigir justiça, rejeitar a impunidade e o abuso de poder por parte das autoridades”, sublinha.

O relatório explica ainda que pessoas de grupos vulneráveis, entre eles mulheres, crianças adolescentes e LGTBIQ+, levantaram a voz para exigir a proteção e defesa dos direitos à identidade, à integridade pessoal, à justiça e à vida.

“Durante as ações de rua, os manifestantes denunciaram o aumento dos feminicídios, de casos de maus-tratos e de abuso infantil”, diz.

Segundo o OVCS, as mulheres participaram em 97% dos protestos documentados em 2023 e 118 protestos foram reprimidos em 21 dos 24 estados do país, com um balanço de 15 pessoas detidas e uma ferida.

“Continua a criminalização e a perseguição de líderes sociais, sindicalistas, trabalhadores e ativistas dos direitos humanos (…) Registaram-se 130 protestos em 19 estados do país, denunciando violações dos direitos humanos, cometidas por representantes das forças de segurança do Estado”, lê-se ainda no documento.

 

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By Impala News / Lusa

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