Ventura pede mais operações policiais e diz que Montenegro “perdeu a coragem”
O presidente do Chega pediu hoje mais operações policiais como as do Martim Moniz e acusou o primeiro-ministro de “ter perdido a coragem” quanto às forças de segurança, numa vigília que terminou com os participantes a gritarem “encostem-nos à parede”.
André Ventura falava num palco montado pelo Chega na Praça da Figueira para a vigília denominada “Pela autoridade e contra a impunidade”, que juntou algumas centenas de pessoas e que foi convocada depois do anúncio de uma manifestação, para hoje à tarde, contra o racismo e a xenofobia após a operação policial de 19 de dezembro no Martim Moniz.
A cerca de 300 metros do Martim Moniz, Ventura pediu aos presentes que terminassem as suas frases com o grito “encostem-nos à parede”, de forma a fazerem-se ouvir na outra manifestação, que, no entanto, ainda não tinha terminado.
“Se eles são pedófilos, se eles são traficantes, se eles forem ilegais, se eles assediarem e perseguirem as mulheres, se eles traficarem droga, se eles derem cabo da nossa vida e dos nossos valores, encostem-nos à parede, uma e outra e outra vez, até perceberem que este país é nosso e que a lei é para cumprir em Portugal”, pediu.
E, ao contrário dos promotores da outra manifestação, convocada depois da operação policial no Martim Moniz em que dezenas de imigrantes foram encostados à parede, Ventura pediu “mais operações destas”.
“Nós queremos mais operações daquelas enquanto os números não pararem de aumentar, até ao dia em que este país já não será fácil de se identificar a si próprio e um dia olhar-nos-emos ao espelho e já não reconheceremos a nossa identidade”, disse, discursando com uma bandeira de Portugal ao ombro.
Ventura defendeu que apenas o Chega dá voz às preocupações de classes profissionais como as forças de segurança e reiterou críticas ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, que tinha deixado à chegada à vigília.
“Se não estivéssemos aqui hoje, mais uma vez tinham sido horas e horas e horas dos coitadinhos, com os mesmos tristes dos líderes de esquerda que para ali andam e de um primeiro-ministro que perdeu a coragem e perdeu a força e a fibra de dizer sim, estamos ao lado das forças de segurança para sempre”, acusou.
Ao longo de cerca de hora e meia, passaram pelo palco montado pelo Chega vários oradores anónimos, como uma moradora do Martim Moniz que disse ser a única portuguesa na sua rua, outra que se queixava dos vizinhos imigrantes em Telheiras ou um bombeiro sapador que cumprimentou “as pessoas de bem”.
Ventura, deputados e dirigentes do partido ouviram na primeira fila testemunhos áudio, com voz distorcida, apresentados como sendo de um guarda prisional, um elemento da PSP e um técnico do INEM, que tiveram em comum críticas ao comportamento de imigrantes em Portugal, defesa das forças de segurança ou acusações de parcialidade à comunicação social, que iam sendo intercalados por momentos musicais líricos pelo deputado do Chega Pedro Correia.
“Encostem-nos à parede” ou “jornalixo” foram algumas das frases mais ouvidas entre os que assistiram a esta vigília, em que uma das assessoras do partido chamou a atenção para alguns “graffitis” na Praça da Figueira com insultos ao Chega ou à polícia.
SMA // MCL
By Impala News / Lusa
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