Von der Leyen na América Latina com “meta à vista” no acordo UE-Mercosul
A presidente da Comissão Europeia anunciou hoje ter chegado à América Latina para fechar o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul), estando a “meta à vista”.
“Aterrei na América Latina. A meta do acordo UE-Mercosul está à vista, [pelo que] vamos trabalhar, vamos cruzá-la”, escreveu Ursula von der Leyen, numa publicação na rede social X.
Com as negociações técnicas e políticas a intensificaram-se, a líder do executivo comunitário salientou na publicação que o bloco comunitário e latino-americano têm agora “oportunidade de criar um mercado de 700 milhões de pessoas”, naquela que será “a maior parceria de comércio e investimento que o mundo já viu” e da qual “ambas as regiões beneficiarão”.
Questionado na conferência diária da Comissão Europeia, em Bruxelas, o porta-voz da instituição para o Comércio, Olof Gill, disse então que Ursula von der Leyen está “na região Mercosul para se encontrar os seus homólogos”, bem como o comissário europeu da tutela, Maros Sefcovic.
A ideia é “finalizar as últimas negociações políticas”, adiantou o responsável.
A Comissão Europeia detém a competência para negociar a política comercial da UE.
Esta semana, responsáveis da UE continuam, após discussões na semana passada, em negociações técnicas e políticas com os países do Mercosul, visando um acordo comercial ainda este ano.
Fonte comunitária precisou à Lusa que, para haver um acordo ainda este ano, estas negociações teriam de ser bem-sucedidas nos próximos dias.
O texto do acordo de associação UE-Mercosul foi finalizado em 2019, após 20 anos de negociações, mas o bloco comunitário pediu então para acrescentar um anexo no qual exige mais garantias dos países latino-americanos de que respeitarão o Acordo de Paris e a legislação laboral internacional, questões que já estavam contidas nesse documento.
Com França a liderar o ceticismo europeu, os europeus temem a desflorestação da Amazónia pelo facto de estas terras, que eram selva, estarem a ser utilizadas para a exploração agrícola, gerando um aumento da produção.
Paris receia também que o facto afete negativamente os produtores agrícolas da UE.
Recentemente, em setembro, Portugal e 10 outros países pediram à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, uma “rápida conclusão das negociações até ao final de 2024” entre a UE e o Mercosul para um acordo comercial com base em compromissos adicionais.
A UE e Mercosul têm mantido contacto regular no sentido de conseguirem concluir as negociações nomeadamente em questões como os compromissos ambientais, após um primeiro aval em 2019, que não teve seguimento.
As discussões evoluíram nos últimos meses levando à expectativa de acordo, mas recentes acontecimentos políticos baixaram as ambições, nomeadamente a oposição francesa pelas questões de biodiversidade e clima e os receios comerciais de outros países europeus.
O acordo UE-Mercosul abrange os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.
Mediante impedimentos nas negociações, a UE poderia avançar com outras opções, como um Acordo de Comércio Livre com o Mercosul, semelhante ao que tem por exemplo com a Nova Zelândia, que seria apenas da competência da Comissão Europeia e não dos países e possibilitaria a eliminação de direitos aduaneiros.
Outra opção seria um acordo misto, como o Acordo Comercial Global e Económico UE-Canadá, que entrou em vigor a título provisório em 2017, permitindo logo acesso ao mercado e ao investimento, antes da ratificação pelos países a ser feita mais tarde.
ANE // APN
By Impala News / Lusa
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