Zelensky acusa Rússia de “manipular” e “distorcer” acordos com EUA em Riade

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de “manipular” e “distorcer” os acordos hoje anunciados pela mediação dos Estados Unidos para suspender ataques às infraestruturas energéticas e garantir a livre navegação no Mar Negro.

Zelensky acusa Rússia de

“A Ucrânia está pronta para trabalhar o mais rápido e transparentemente possível para pôr fim à guerra. Mas, infelizmente, neste momento, hoje, no próprio dia das negociações, vemos como os russos já começaram a manipular”, disse Zelensky no seu discurso noturno.

A Rússia, de acordo com Zelensky, está a “mentir” sobre a data de início — 18 de março — do cessar-fogo sobre os ataques às infraestruturas energéticas e sobre as condições relativas à livre navegação no Mar Negro, neste caso invocando como condição o fim das sanções impostas a Moscovo pela invasão da Ucrânia.

O Presidente ucraniano observou que são “absolutamente claras” as declarações divulgadas pela Casa Branca após vários dias de reuniões separadas em Riade, capital da Arábia Saudita, entre os enviados dos EUA e da Ucrânia e entre os representantes de Washington e Moscovo.

“Já estão a tentar distorcer os acordos e enganar os nossos mediadores e todos os outros”, acrescentou Zelensky, referindo-se à Rússia.

“Moscovo mente sempre”, enfatizou o Presidente ucraniano, que garantiu que o seu país se esforçará para garantir que os acordos funcionem e que não haja ataques, o que, na sua opinião, falta a Moscovo.

“Quero lembrar que, desde 11 de março, está em cima da mesa a proposta dos EUA para um cessar-fogo abrangente e incondicional — em todo o lado — não apenas em termos de energia e do Mar Negro. Foi a Rússia que se recusou a concordar com isto”, disse Zelensky.

Os Estados Unidos anunciaram hoje um entendimento com as delegações ucraniana e russa para uma trégua dos combates no mar Negro, no âmbito das negociações na Arábia Saudita sobre o conflito na Ucrânia.

Os dois países concordaram “garantir a segurança da navegação, eliminar o uso da força e impedir o uso de embarcações comerciais para fins militares no mar Negro”, afirmou a Casa Branca, que fez o anúncio do acordo com Kiev e Moscovo em declarações separadas.

Nos textos, Washington indicou também que as partes deram o acordo para “desenvolver medidas” com vista a proibir os ataques às instalações energéticas russas e ucranianas.

O Kremlin acrescentou posteriormente que o cessar-fogo nos ataques às infraestruturas energéticas discutido durante as negociações com os Estados Unidos, incluía refinarias, gasodutos e centrais elétricas.

Em relação à Rússia, os Estados Unidos comprometeram-se a ajudar a restaurar o acesso ao “mercado global de exportações agrícolas e de fertilizantes”, bem como a facilitar o acesso aos portos e aos sistemas de pagamento destas transações.

Sobre a Ucrânia, a administração de Trump prometeu “ajudar a concretizar a troca de prisioneiros de guerra, a libertação de civis e o regresso de crianças ucranianas transferidas à força” para território russo.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai acolher na quinta-feira uma reunião de líderes de 31 países “sobre a paz e a segurança na Ucrânia”, na qual será discutida uma potencial força a destacar para o país, bem como a ajuda militar imediata e a longo prazo a Kiev e ainda os esforços para alcançar um cessar-fogo permanente, anunciaram fontes do Palácio do Eliseu.

Macron vai encontrar-se com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Palácio do Eliseu na quarta-feira à tarde, para ambos se prepararem para a reunião no dia seguinte.

Em reação aos acordos hoje anunciados, a França entende que são “um passo na direção certa”, mas ainda insuficientes para um “cessar-fogo duradouro” no conflito, segundo fontes da presidência francesa em videoconferência com os jornalistas.

As mesmas fontes indicaram que a França se opõe à exigência da Rússia de que as sanções às suas exportações agrícolas sejam suspensas como condição para a trégua, afirmando que a União Europeia não sancionou nem os envios de alimentos nem de fertilizantes, que estão, no entanto, a ser prejudicados pelos efeitos da guerra lançada por Moscovo em fevereiro de 2022.

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By Impala News / Lusa

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