Associações do setor dos motociclos rejeitam aumento de acidentes com motos em 2017
Associação Automóvel de Portugal e a Federação de Motociclismo de Portugal rejeitaram um aumento da taxa de sinistralidade com veículos de duas rodas
A Associação Automóvel de Portugal e a Federação de Motociclismo de Portugal rejeitaram hoje um aumento da taxa de sinistralidade com veículos de duas rodas em 2017, apesar do crescimento de acidentes com vítimas mortais.
“Apesar de se ter verificado um crescimento do número de acidentes com vítimas mortais em veículos de duas rodas a motor face ao período homólogo de 2016, o mesmo não se traduziu num aumento da taxa de sinistralidade, nem existe uma relação de causalidade entre a Lei das 125cc e o aumento do número de vítimas”, esclarecem as duas associações, que já pediram uma reunião, com caráter de urgência, ao ministro da Administração Interna.
O comunicado da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), em representação das empresas do setor do comércio de motociclos, e da Federação de Motociclismo de Portugal (FMP), em representação dos motociclistas, surge após o ministro Eduardo Cabrita ter anunciado a intenção de tornar obrigatória a carta de condução para quem conduzir motociclos de 125 cm3 de cilindrada, mesmo que tenha já carta de automóvel.
Esta intenção do Governo surge após o aumento da sinistralidade grave em 2017 face a 2016, tendo esta subida se verificado sobretudo em veículos de duas rodas a motor.
As duas associações referem que, desde 2009, data em que foi aprovada a lei das 125cc, “a taxa de sinistralidade tem diminuído de forma constante e sistemática”.
Para a ACAP e a FMP, os dados estatísticos disponíveis “não evidenciam que o aumento do número de acidentes com vítimas mortais ocorra no segmento dos motociclos até 125 cm3, representando estes uma pequena percentagem do número total de mortes”.
Estas duas associações consideram também que o aumento do número de vítimas mortais em 2017 envolvendo os veículos de duas rodas a motor deve-se, essencialmente, ao chamado “efeito estatístico de base”, ou seja, decorre do facto de o período homólogo de 2016, que serve de base de comparação, ter sido “o mais baixo de sempre”.
Apesar do aumento da circulação de motociclos, que cresceu “significativamente nos últimos anos”, a ACAP e a FMP sublinham que “o número de vítimas mortais em percentagem do parque circulante tem vindo sistematicamente a diminuir nos últimos anos”.
A Associação Automóvel de Portugal e a Federação de Motociclismo de Portugal esclarecem ainda que as vítimas mortais em percentagem do total de acidentes envolvendo veículos de duas rodas com motor têm vindo a reduzir-se significativamente, tendo passado de 3% entre 2000 e 2005, para 2% entre 2006 e 2014, e, finalmente, para 1% entre 2015 e 2017.
Dados provisórios da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) dão conta de um total de 509 pessoas mortas nas estradas portuguesas no ano passado, mais 64 do que em 2016 (12,5%), tendo-se também verificado um aumento do número de acidentes e feridos graves.
Segundo a ANSR, em 2017, foram registados 130.157 acidentes nas estradas (127.210 em 2016), 2.181 feridos graves (2.102) e 41.591 feridos ligeiros (39.121).
Na semana passada, após o encontro da Comissão Interministerial para a Segurança Rodoviária, que se reuniu pela primeira vez para analisar a sinistralidade rodoviária de 2017, Eduardo Cabrita anunciou que as inspeções periódicas para motociclos vão avançar no primeiro semestre de 2018.
Eduardo Cabrita referiu também que o Governo vai lançar, este ano, “o debate” sobre a necessidade da titularidade de uma habilitação específica para a condução de motociclos de baixa cilindrada.
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