Bombeiros acusam Governo de usar manifestação para romper negociações
O presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) acusou hoje o Governo ter usado a alegada falta de segurança da manifestação “como pretexto” para romper as negociações e “diabolizar os bombeiros”.
A reunião negocial entre sindicatos representativos dos bombeiros sapadores e Governo foi hoje suspensa pelo Executivo, que alegou falta de condições tendo em conta que do lado de fora do edifício cerca de três centenas de bombeiros protestavam lançando petardos e gritando palavras de ordem.
“Nós nem nos apercebíamos do que se passava cá fora porque não se ouvia nada lá dentro. Fomos todos apanhados de surpresa. Disseram que não havia condições de segurança, que havia feridos, mas já percebemos que não era verdade. Se calhar foi um pretexto, quando perceberam que os sindicatos estavam todos a dizer que a proposta, nos moldes em que estava, não era passível de negociação. Foi um escape que arranjaram para poder sair da negociação diabolizando os bombeiros”, disse à Lusa o presidente do SNBS, Ricardo Cunha.
Após o anúncio da suspensão do encontro, os dirigentes sindicais aguardaram cerca de hora e meia pelo retomar das negociações, mas acabaram por abandonar o edifício e falar aos bombeiros que permaneceram toda a manhã concentrados junto à nova sede do Governo.
“A partir de agora todas as formas de luta serão ponderadas”, afirmou Leonel Mateus, vice-presidente do SNBS, em declarações à Lusa, que também criticou a proposta apresentada hoje, a terceira reunião de uma ronda negocial.
A proposta do Governo “é muito idêntica às anteriores”, disse por seu turno o presidente do sindicato, acusando o Executivo de “usar um malabarismo que é tira de um lado e mete noutro”, não havendo um real aumento salarial.
“O possível aumento salarial era só em 2027”, disse Ricardo Cunha, acrescentando que o subsídio de risco proposto “é vergonhoso” e por isso os bombeiros disseram “logo que estava fora de questão”.
Já o subsídio de isenção também só iria atingir, em 2027, o valor de 100 euros, mas iria obrigar a mais 31 horas mensais a somar às 35 horas semanais de trabalho, segundo Ricardo Cunha.
“Isso é irreal, ofensivo e vai ao encontro dos municípios que usam os bombeiros sapadores para os escravizar, obrigam-nos a trabalhar horas a fio sem lhes pagar e isto era uma maneira de os escravizar de uma maneira legal”, acusou o sindicalista em declarações à Lusa.
A proposta hoje apresentada aos bombeiros não é “minimamente aceitável nem digna”, mas Ricardo Cunha acredita que o Governo irá “pôr a mão na consciência e apresentar uma proposta credível”.
O sindicalista voltou a lembrar que os bombeiros protestam há muitos anos por melhores condições laborais.
A concentração de sapadores começou hoje no quartel de Alvalade, que seguiu pela Avenida de Roma em passo lento, gritando palavras de ordem contra o Governo e disparando petardos e fumos.
Em redor do edifício Campus XXI, onde se encontra a sede do Governo, esteve montado desde as 08:00 um forte dispositivo das autoridades, incluindo várias carrinhas da Unidade Especial de Polícia.
PJA/SIM // CMP
Lusa/fim
By Impala News / Lusa
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