Dois polícias mortos em confrontos com manifestantes no norte de Moçambique
Dois polícias foram mortos durante confrontos com manifestantes no distrito de Moma, na província de Nampula, disse hoje a polícia moçambicana, anunciando também que três pessoas ficaram feridas e outras três foram detidas durante tumultos no país.
“Na sequência de atos violentos, dois membros da Polícia da República de Moçambique (PRM), saindo do serviço, foram interpelados na via pública e agredidos fisicamente até a morte e os respetivos corpos carbonizados”, disse o porta-voz da corporação, Orlando Mudumane, em conferência de imprensa em Maputo.
A polícia falava à comunicação social para fazer o balanço das ocorrências registadas durante marchas hoje após o regresso ao país do candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Na capital moçambicana, as autoridades anunciaram que pelo menos três pessoas ficaram feridas durante confrontos com a polícia durante a receção de Venâncio Mondlane, que regressou ao país após pouco mais de dois meses “em parte incerta”.
Outras três pessoas foram detidas em Maputo, acrescentou Orlando Mudumane, apontando que pelo menos cinco viaturas, incluindo uma da PRM, foi vandalizada durante confrontos nas manifestações.
A Plataforma Decide tinha avançado que pelo menos três pessoas morreram e outras seis foram baleadas entre os apoiantes que acompanhavam Venâncio Mondlane no seu regresso à capital moçambicana, e que agora contabiliza um total de 294 óbitos desde o início dos protestos, em outubro.
Venâncio Mondlane chegou hoje à capital moçambicana depois de dois meses e meio a liderar a contestação aos resultados das eleições gerais a partir do exterior e sob fortes medidas de segurança na zona do aeroporto internacional de Maputo.
Na sequência, a polícia dispersou, no centro de Maputo, com recurso a tiros e gás lacrimogéneo, uma multidão de apoiantes que ouviam o candidato presidencial, com pessoas a serem atingidas.
Na intervenção que fez, na zona do Mercado Estrela, Mondlane voltou a dizer, como o fez em declarações aos jornalistas à chegada ao aeroporto, que vai até às últimas consequências pela reposição da verdade eleitoral, reafirmando-se vencedor das eleições gerais de 09 de outubro.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou 15 de janeiro para a tomada de posse do novo Presidente, que sucede a Filipe Nyusi.
Em 23 de dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar.
O anúncio levou de imediato a novos confrontos, destruição de património público e privado, manifestações, paralisações e saques, mas na última semana, sem novas convocatórias de protestos, a situação normalizou-se em todo o país.
Confrontos entre a polícia os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas baleadas desde 21 de outubro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.
PYME(PVJ/EAC)// ANP
By Impala News / Lusa
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