EUA sugerem recompensas por liderança talibã no Afeganistão caso haja mais reféns do que o conhecido

O Secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Marco Rubio, sugeriu que poderá ter de ser oferecida uma grande recompensa pelos líderes talibãs, caso se confirme que estes têm retidos mais reféns norte-americanos do que o anunciado.

EUA sugerem recompensas por liderança talibã no Afeganistão caso haja mais reféns do que o conhecido

“Soube que os talibãs estão a reter mais reféns do que foi reportado. Caso seja verdade, teremos de oferecer imediatamente uma recompensa muito grande pelos seus principais líderes, ainda maior do que aquela que oferecemos por Bin Laden”, lê-se numa publicação partilhada pelas 23:30 de sábado (hora de Lisboa) na conta oficial do Secretário de Estado na rede social X (antigo Twitter).

Na terça-feira, uma troca de prisioneiros entre os Estados Unidos e o Afeganistão resultou na libertação de dois norte-americanos — Ryan Corbett e William McKenty – e de um talibã em prisão perpétua na Califórnia por tráfico de droga e terrorismo, indicaram autoridades talibãs.

O acordo foi concluído no momento em que o Presidente norte-americano cessante, o democrata Joe Biden – que supervisionou a caótica retirada dos Estados Unidos da América do Afeganistão em 2021 – entregou o poder ao atual Presidente norte-americano, o republicano Donald Trump, na segunda-feira.

O Governo talibã saudou a troca, classificando-a como um passo em direção à “normalização” das relações entre os EUA e o Afeganistão, mas isso continuará a ser difícil, uma vez que a maioria dos países do mundo ainda não reconhece a legitimidade do seu poder e se crê que há mais dois norte-americanos presos no país.

O Qatar tem sido o mediador de negociações entre os Estados Unidos e os talibãs ao longo dos anos e esteve também envolvido nesta troca de prisioneiros.

Antes de Biden deixar o cargo, o seu Governo estava a tentar chegar a um acordo para libertar Ryan Corbett, bem como George Glezmann e Mahmood Habibi, em troca de Muhammad Rahim, um dos últimos detidos na baía de Guantánamo.

Glezmann, um mecânico de aviões de Atlanta, foi capturado pelos serviços secretos talibãs em dezembro de 2022, quando viajava pelo país; Habibi, um empresário afegão-norte-americano que trabalhava como fornecedor para uma empresa de telecomunicações sediada em Cabul, também desapareceu em 2022. Os talibãs têm negado ter Habibi na sua posse.

A família de Habibi saudou a troca e disse estar confiante de que o Governo Trump fará um “esforço maior” para libertá-lo, expressando a sua frustração com a equipa de Biden.

“Sabemos que têm provas de que o meu irmão está vivo e nas mãos dos talibãs e isso poderia ter levado os talibãs a admitir que o têm”, declarou o irmão de Habibi, Ahmed, num comunicado divulgado pela organização sem fins lucrativos Global Reach.

A equipa de Biden “recusou-se a usar” as provas, afirmou, acrescentando: “Sabemos que Trump se interessa é por resultados e temos fé em que ele usará todos os instrumentos disponíveis para trazer Mahmood para casa”.

Nenhum país do mundo reconheceu até ao momento o regime talibã do Afeganistão.

Em fevereiro de 2020, os Estados Unidos, então presididos por Donald Trump, assinaram o acordo de Doha, no Qatar, que abriu caminho à retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, após 20 anos de presença.

No ano seguinte, os talibãs tomaram o país após derrotar as forças da República Islâmica, apoiada e reconhecida pela comunidade internacional.

Os Estados Unidos da América têm o ministro do Interior do regime talibã, Sirajuddin Haqqani, numa lista de procurados por terrorismo, com a oferta de uma recompensa de 10 milhões de dólares em troca de informação que leve à sua captura.

JRS (ANC/VQ) // TDI

By Impala News / Lusa

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