Guterres defende direito de palestinianos viverem como “seres humanos na sua própria terra”

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu hoje o direito dos palestinianos “de simplesmente viverem como seres humanos na sua própria terra”, lamentando a “desumanização e demonização assustadora e sistemática” desse povo.

Guterres defende direito de palestinianos viverem como

Num discurso na ONU perante o Comité sobre o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestiniano, e um dia após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter proposto que os habitantes do enclave palestiniano sejam reinstalados em outro lugar “permanentemente”, Guterres considerou “essencial evitar qualquer forma de limpeza étnica” e “reafirmar a solução de dois Estados”.

“Qualquer paz duradoura exigirá progresso tangível, irreversível e permanente em direção à solução de dois Estados, o fim da ocupação e o estabelecimento de um Estado Palestiniano independente, com Gaza como parte integrante”, reforçou Guterres, frisando que “na busca por soluções, não se deve piorar o problema”.

“Um Estado Palestiniano viável e soberano, a viver lado a lado em paz e segurança com Israel, é a única solução sustentável para a estabilidade do Médio Oriente”, defendeu.

De acordo com o líder da ONU, o mundo tem visto a concretização dos direitos do povo palestiniano “tornar-se cada vez mais distante”, referindo um “catálogo de destruição e horrores indizíveis” ao longo dos últimos 15 meses de guerra, com quase 50.000 pessoas mortas, “sendo que 70% são mulheres e crianças”.

Numa menção direta às crianças de Gaza, Guterres frisou que “uma geração foi deixada desabrigada e traumatizada”.

Saudando o acordo de cessar-fogo em vigor e a libertação de reféns feitos pelo movimento islamita Hamas em outubro de 2023, António Guterres agradeceu aos mediadores — Egito, Catar e Estados Unidos — pelos esforços contínuos para garantir a implementação do mesmo, mas defendeu a necessidade de clareza em relação aos objetivos futuros.

Entre esses objetivos, o ex-primeiro-ministro português identificou o acesso humanitário “rápido, seguro, desimpedido, expandido e sustentado” ao enclave e um financiamento integral das operações humanitárias por parte da comunidade internacional, assim como o apoio ao trabalho da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA).

Na noite de terça-feira, Donald Trump propôs que os habitantes do enclave palestiniano, devastado após 15 meses de guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas, sejam reinstalados em outro lugar “permanentemente”, nomeadamente nos países vizinhos Jordânia e Egito.

“Não acho que as pessoas devam regressar. Não se pode viver em Gaza neste momento. Acho que precisamos de outro local. Penso que deve ser um local que faça as pessoas felizes”, disse Trump.

“Se olharmos para as décadas passadas, só há mortes em Gaza”, avaliou o chefe de Estado norte-americano, acrescentando: “Isto está a acontecer há anos. É tudo morte. Se conseguirmos uma área bonita para reinstalar as pessoas, permanentemente, em casas bonitas onde possam ser felizes e não sejam baleadas e não sejam mortas e não sejam esfaqueadas até à morte como está a acontecer em Gaza”.

A proposta, apresentada por Trump ao lado do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, desencadeou uma onda de críticas a nível internacional.

Sem referir diretamente as declarações de Trump, Guterres defendeu a “preservação da unidade, contiguidade e integridade do Território Palestiniano Ocupado e a recuperação e reconstrução de Gaza”.

“Uma governação palestiniana forte e unificada é crucial”, insistiu.

 

MYMM // JH

By Impala News / Lusa

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