Infantário português em Macau sem terapeutas da fala e com dificuldade em contratar
A diretora do jardim de infância D. José da Costa Nunes (DJCN) disse à Lusa que a instituição de matriz portuguesa está sem terapeutas da fala e as condições oferecidas não atraem profissionais de Portugal.
“O salário não é muito atraente e, por isso, não vejo muito interesse da parte de portugueses de virem para aqui”, afirmou em entrevista à Lusa Felizbina Carmelita Gomes, há um ano e meio à frente da única instituição do território com ensino pré-escolar exclusivamente em língua portuguesa.
Além dos salários, a responsável acredita que a impossibilidade de acesso ao bilhete de identidade de residente (BIR) é outra das limitações que “prejudica mesmo” a importação de profissionais portugueses.
Macau não está a aceitar, desde agosto do ano passado, novos pedidos de residência para portugueses nos Serviços de Imigração fundamentados com o “exercício de funções técnicas especializadas”, permitindo apenas justificações de reunião familiar ou anterior ligação ao território.
As novas orientações, a que a agência Lusa teve acesso, eliminam uma prática firmada logo após a transição de Macau para a China, em 1999. A alternativa para um português garantir a residência passa por uma candidatura aos recentes programas de captação de quadros qualificados.
Outra hipótese é a emissão de um ‘blue card’, vínculo laboral atribuído a trabalhadores não-residentes, sem benefícios ao nível da saúde ou educação.
Felizbina Carmelita Gomes, que diz estar a negociar a contratação de terapeutas da fala com o Governo, através dos serviços da Educação – o DJCN integra a rede pública de ensino gratuito -, admitiu que a falta destes profissionais é um problema generalizado em Macau e que no infantário, em particular, “há várias crianças com essa necessidade”.
É necessário “pelo menos um” terapeuta para se juntar ao corpo de 53 trabalhadores do jardim-de-infância, indicou a responsável. Enquanto isso não acontece, o apoio faz-se “através dos serviços de Educação”: “Mas claro que não vai ser um apoio com muita frequência”, lamentou.
Contactado pela Lusa, o presidente da Associação de Terapeutas da Fala de Macau, Ronald Hoi Mang Hong, disse que 81 especialistas nesta área estão registados no território de cerca de 681 mil habitantes.
As autoridades esperam que mais jovens se dediquem ao setor e estimam que, até 2025, haja mais de cem profissionais da terapia da fala a servir a região chinesa, escreveu, em julho do ano passado, o jornal Ponto Final, citando o canal chinês da Rádio Macau.
O jardim de infância D. José Costa Nunes, com 255 alunos, foi criado em 1933 como instituição pública. No ano letivo 1998/99 tornou-se uma instituição de educação pré-escolar privada sob a tutela da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM).
*** Catarina Domingues (texto) e Gonçalo Lobo Pinheiro (fotos), da agência Lusa ***
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By Impala News / Lusa
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