A história de Lorena, a mulher que sofria de violência doméstica e decide cortar o pénis ao marido
Lorena ficou conhecida em 1993 por cortar o pénis ao marido com uma faca de cozinha. O caso tornou-se numa tragicomédia e correu mundo. Acaba de ser lançado um documentário que conta a história do casal.
Em 1993, os Estados Unidos foram palco de uma tragédia privada que se tornou numa tragicomédia pública devido aos seus contornos. Uma mulher, Lorena, castra o marido, John Bobbitt, e atira o pénis para um descampado. O caso que esconde uma história de violência doméstica acabou por ser satirizado em vários filmes e séries.
Quase 26 anos depois, a Amazon Prime lança uma série documental que analisa ao detalhe este crime. Dividido em quatro partes, ‘Lorena’ é realizado por Joshua Rofé e produzido por Jordan Peele. O documentário conta com depoimentos da mulher, do ex-marido, amigos e familiares próximos do ex-casal.
Corta o pénis ao marido depois de ser violada
Na noite de 23 de junho de 1993, o companheiro de Lorena Bobbitt terá chegado a casa embriagado e violou-a pela enésima vez. «Pôs-se em cima de mim, agarrou-me os braços com força, como era hábito. Tentei afastá-lo, mas não consegui. Disse-lhe que não queria fazer sexo, mas ele não me deu ouvidos. No fim, comecei a chorar, sentia-me envergonhada e humilhada», explica Lorena numa entrevista à ABC News.
Farta de viver numa relação pautada por agressões e violações, a mulher foi à cozinha buscar uma faca para castrar o marido. «De repente, vi a faca, comecei a pensar em muitas coisas ao mesmo tempo. Voltei ao quarto, levantei os lençóis e cortei.» Questionada por que motivo terá escolhido o pénis para amputar, a jovem afirma: «Não sei, só sei que ele me magoou e lembro-me de ouvir a voz dele na minha cabeça: ‘Vou atrás de ti até ao fim do mundo e vais ter de ter sexo comigo’.»
Após o crime, Lorena fugiu para casa da melhor amiga. Durante a viagem de carro, ter-se-à apercebido que tinha o pénis do marido consigo e atirou-o para um descampado.
A amiga acabou por contar o caso à polícia. Lorena foi presente a tribunal, onde confessou o crime e explicou para onde tinha atirado o membro amputado.
John Bobbitt só se apercebeu na madrugada do dia seguinte que já não tinha o órgão genital. Devido à embriaguez, não deu conta que a mulher lhe tinha cortado o pénis. O médico que deu assistência ao homem contou ao site ‘The Cut’ como tudo aconteceu. «Por volta das quatro da manhã, Bobbitt chegou ao hospital com um lençol a tapar a área pélvica.»
Inicialmente, como não se sabia da localização do pénis, o médico pensou em fazer uma operação com o nome de uretrostomia perineal, que consiste em transformar a área genital em algo semelhante a uma vagina, com apenas uma abertura para urinar.
No entanto, a polícia informou o especialista de que o membro amputado tinha sido encontrado e que iria ser devolvido. Uma equipa de paramédicos dirigiu-se ao descampado, colocaram luvas, agarraram no pénis e dirigiram-se a uma loja de conveniência. Lá pediram gelo e pouco tempo depois o órgão chegou ao hospital. Encontrava-se em boas condições e pode ser reimplantado.
Um dia depois do crime, Bobbitt tinha o pénis de volta.
Muda-se para os EUA em busca de uma vida melhor. Encontra o que pensava ser o homem da sua vida e vive relação pautada por agressões
Lorena Gallo nasceu no Equador, em 1969, e foi criada na Venezuela. Aos 19 anos, muda-se para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor. Frequentou a Universidade Comunitária da Virgínia do Norte e trabalhou como manicura e ama para fazer face às despesas.
Pouco tempo depois, conheceu John num clube da base aérea de Quantico, Virgínia. Encontrou aquele que pensava ser o homem da sua vida. Ele sentia uma forte atração por ela e ela achava que tinha encontrado o amor. Em 1989 oficializaram a relação no papel.
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No entanto, o despedimento de John terá ditado o fim da paixão e o início de uma relação de violência. John Bobbitt caiu numa vida de vícios. Andava muitas vezes bêbado e não tinha dinheiro para manter uma casa. Até à noite de 23 de junho, Lorena foi alvo de várias agressões e violações.
A vida do casal depois do crime
A novembro de 1993, John é ilibado da acusação de abuso conjugal e Lorena é ilibada da acusação de ferimento malicioso. Passou 45 dias em avaliação psiquiátrica e foi libertada.
Em 1995, o casal assina os papéis do divórcio. Lorena retomou os estudos e conheceu o atual marido, de quem tem um filho. Em 2007, criou uma fundação para a prevenção da violência doméstica.
John Bobbitt iniciou uma carreira de filmes para adultos. Sentou-se mais vezes no banco dos réus, acusado de crimes como violência doméstica, roubo e assédio. Em 2014, foi atropelado e desde então vive de uma pensão de invalidez.
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