Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul prolongada por um ano

O Conselho de Segurança das Nações Unidas prolongou, pelo período de um ano, a missão de manutenção da paz no Sudão do Sul, num momento de escalada das tensões no país. 

Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul prolongada por um ano

Nações Unidas, 09 mai 2025 (Lusa) – O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) prolongou na quinta-feira, pelo período de um ano, a missão de manutenção da paz no Sudão do Sul (Unmiss), num momento de escalada das tensões no país. 

A resolução, que estende o mandato da missão até 30 de abril de 2026, recebeu 12 votos a favor e três abstenções: Paquistão, China e Rússia. 

Embora a resolução mantenha as principais tarefas da Unmiss, as negociações em torno da renovação foram difíceis, com discussões prolongadas que duraram várias semanas. 

O Conselho de Segurança decidiu que a missão continuará a promover uma visão estratégica plurianual para evitar um retorno à guerra civil e abordará as lacunas críticas para a construção de uma paz duradoura, com especial foco na proteção de civis.

O mandato da missão também visa a criação de condições propícias à entrega de assistência humanitária, o apoio à implementação do Acordo Revitalizado e do Processo de Paz, e a monitorização e a investigação de violações dos direitos humanos. 

O Conselho de Segurança, composto por 15 Estados-membros, aproveitou para exigir que todas as partes em conflito e outros atores armados cessem imediatamente os combates em todo o Sudão do Sul e lembrou às autoridades sul-sudanesas a sua responsabilidade primária de proteger os civis. 

Os Estados Unidos, detentores do dossiê do Sudão do Sul na ONU, salientaram que a renovação da Unmiss acontece num momento em que o país “se encontra à beira de uma guerra civil mais ampla”.

“A comunidade internacional deve usar sua influência para resgatar o Sudão do Sul da beira do abismo, inclusive através da Unmiss”, apelou a embaixadora interina norte-americana, Dorothy Shea, após a votação.

Shea advogou que o Governo de transição “não tomou as medidas necessárias para concluir pacificamente o período de transição e não demonstrou vontade política para implementar o acordo de paz”, tornando o papel da missão da ONU “cada vez mais difícil”.

 Para alcançar a paz e evitar o reinício da guerra civil, defendeu a diplomata norte-americana, o Governo de transição deve agir com toda a urgência para acabar com a violência, diminuir as tensões políticas, libertar o primeiro vice-presidente Riek Machar da prisão domiciliária e abrir um diálogo entre as partes em conflito.

A embaixadora disse ainda que os Estados Unidos estão comprometidos “com o retorno da ONU ao seu propósito fundamental de manter a paz e a segurança internacionais”, avaliando que o potencial deste sistema multilateral “é louvável, mas está muito distante da sua missão original”.

O teto da ONU de 17.000 soldados e 2.101 polícias para o país permanece inalterado, mas o Conselho de Segurança levanta a hipótese de fazer ajustes nos números e tarefas “dependendo das condições de segurança no local” e da implementação de “medidas prioritárias”, como a remoção de obstáculos ao funcionamento da Unmiss e a criação de um “clima propício” para a realização de eleições.

Nesse sentido, Dorothy Shea afirmou ainda que seria irresponsável fornecer mais financiamento para as eleições devido à “inação” do Governo de transição.

Por outro lado, o representante do Sudão do Sul, embora tenha saudado a renovação do mandato da Unmiss, expressou preocupação com o facto de as contribuições partilhadas pelo seu Governo durante o processo de elaboração da resolução não terem sido incorporadas no texto final.

“Consultas futuras devem permitir uma consideração mais inclusiva e equilibrada da perspetiva do país anfitrião”, afirmou, frisando que qualquer apoio oferecido pela missão da ONU deve estar alinhado com as prioridades e os planos de desenvolvimento do seu próprio país.

Vários estados do país mais jovem do mundo têm sido abalados há várias semanas por confrontos entre o exército pró-Machar e as forças do Governo, num país que se encontra igualmente mergulhado numa grave crise humanitária.

A renovação do mandato acontece num momento em que a ONU tem apelado à calma no Sudão do Sul, especialmente em regiões onde se registaram novos confrontos entre as forças leais ao Presidente, Salva Kiir, e o braço armado do partido do vice-presidente, Riek Machar.

A prisão de Machar no final de março marcou uma escalada de violência que tem aumentado os receios de uma nova guerra civil, quase sete anos após o fim de um conflito sangrento entre partidários dos dois homens, que deixou cerca de 400.000 pessoas mortas e quatro milhões de deslocados entre 2013 e 2018.

 

MYMM // CAD

By Impala News / Lusa

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