ONU apela à retirada das forças do Ruanda de território da RDCongo
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou hoje às forças do Ruanda para se retirarem do território da República Democrática do Congo (RDCongo) e terminarem o seu apoio ao grupo antigovernamental M23.
Os combates entre o Exército congolês e o grupo armado antigovernamental Movimento 23 de Março (M23), apoiado pelo Ruanda, decorrem às portas da cidade de Goma, a capital regional do Kivu do Norte, que tem uma população de um milhão de habitantes e pelo menos o mesmo número de deslocados.
Guterres admitiu estar “profundamente preocupado com a escalada de violência” e apelou “às Forças de Defesa do Ruanda para que deixem de apoiar o M23 e se retirem do território da RDCongo”, de acordo com um comunicado do seu gabinete.
Até agora, o secretário-geral das Nações Unidas tinha-se referido às conclusões de um relatório de referência de peritos da ONU destacando o papel de Kigali ao lado do M23, um grupo antigovernamental envolvido na luta contra o Exército congolês no leste do país.
Contudo, até hoje, Guterres nunca pedira explicitamente às forças ruandesas para terminarem o seu apoio e se retirarem, fazendo agora esse apelo perante os sinais de escalada do conflito.
Hoje, pelo menos 10 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram mortos após um ataque de bombas num campo de refugiados da RDCongo, onde o conflito se intensificou nos últimos dias.
Imagens do campo de refugiados, que alberga milhares de pessoas deslocadas pelo conflito, divulgadas nas redes sociais, mostram tendas rasgadas, bens pessoais espalhados e sobreviventes em choque.
Também o chefe da diplomacia britânica, David Lammy, se mostrou “profundamente preocupado” com a situação na região.
“Estou profundamente preocupado com os ataques em Goma, que levaram à deslocação em massa de civis, à perda de vidas e à morte de soldados da paz da ONU”, escreveu Lammy na rede social X.
Na sexta-feira à noite, juntamente com os Estados Unidos e com a França, o Reino Unido pediu aos seus cidadãos que abandonassem a cidade de Goma.
Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, agendada inicalmente para sexgunda-feira, foi antecipada para hoje.
O conflito entre o M23, apoiado por 3.000 a 4.000 soldados ruandeses, segundo a ONU, e o Exército congolês dura há mais de três anos.
A RDCongo acusa o Ruanda de querer apoderar-se das riquezas do leste do Congo, o que Kigali nega.
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By Impala News / Lusa
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