Pelo menos cinco “focos de manifestações” nas últimas 24 horas no sul de Moçambique

As autoridades moçambicanas registaram pelo menos cinco “focos de manifestações” nas últimas 24 horas em Gaza, com bloqueios a rodovias importantes naquela província do sul de Moçambique, disse hoje à Lusa fonte policial.

Pelo menos cinco

Júlio Nhamússua, porta-voz da polícia moçambicana (PRM) na província de Gaza, disse que, “logo nas primeiras horas da quinta-feira, a população do povoado de Nhafunguine, no distrito de Chonguene, aglomerou-se defronte da EDM [Eletricidade De Moçambique] para exigir a ligação da corrente elétrica no seu povoado”, tendo-se depois “deslocado à EN1 [Estrada Nacional 1] e bloqueado a mesma”.

Segundo a fonte, no mesmo distrito, no Bairro 5, um grupo de jovens colocou barricadas na Estrada Nacional 102, interditando a passagem de viaturas e peões nos dois sentidos.

“A comunidade protestava contra o valor das matrículas nas escolas públicas, a falta de acesso a água potável e a falta de corrente elétrica nos bairros 6 e 7”, disse.

O representante disse ainda que o terceiro foco de agitação, no mesmo distrito, deu-se no povoado de Bango, onde a população bloqueou a EN102 na zona de Bungane, impedindo a circulação de viaturas, como forma de protesto contra a falta de eletricidade na região.

“A Polícia deslocou-se ao local, fez a gestão das emoções dos manifestantes, que culminou com a remoção das barricadas e restabeleceu-se o fluxo normal na via”, afirmou.

Júlio Nhamússua acrescentou que populações residentes em alguns povoados e localidades dos distritos de Mandlakazi e Chókwè também bloquearam, com recurso a troncos, algumas vias, em reivindicações relativas, principalmente, ao elevado custo de produtos básicos.

 “A Polícia fez-se aos locais e por meio de diálogo foi possível desbloquear as vias e restabelecer a ordem pública e o fluxo normal do trânsito”, concluiu.

Em conferência de imprensa hoje em Maputo, o porta-voz do Governo moçambicano, Inocêncio Impissa, disse que o bloqueio da estrada, em Chonguene, inviabiliza as obras de construção do porto naquele distrito, acrescentando que existem trabalhos para compreender as motivações dos protestos, envolvendo a concessionária do projeto e as comunidades.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

 

LYCE // MLL

Lusa/Fim

 

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS