Meio milhão de pessoas sem água potável após erupção de vulcão no Congo

Mais de 500 mil pessoas ficaram sem água potável em Goma, nordeste da República Democrática do Congo, devido a danos em infraestruturas na sequência da erupção do vulcão Nyiragongo, em maio, anunciou hoje a Médicos Sem Fronteiras.

Meio milhão de pessoas sem água potável após erupção de vulcão no Congo

“Há uma necessidade urgente de fornecer água potável segura à população, porque a cólera é endémica na área e representa uma grande ameaça para todas as pessoas que vivem aqui”, afirmou a coordenadora da MSF na República Democrática do Congo, Magali Roudaut, numa declaração. “Passaram 10 dias desde a erupção do vulcão e as necessidades urgentes continuam por satisfazer”, acrescentou a responsável, que assinalou que “é necessário construir latrinas e abrigos e distribuir cobertores e bidões de água”. A coordenadora apelou igualmente para um “apoio urgente” de outras organizações de ajuda humanitária.

Também o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) afirmou hoje que cerca de 350.000 pessoas nas proximidades de Goma necessitam de assistência humanitária urgente. A maioria dos deslocados está a ser abrigada por famílias de acolhimento, enquanto outros permanecem em igrejas e escolas sobrelotadas. Estima-se que cerca de 450 mil pessoas tenham fugido de Goma em direção à vizinha cidade de Sake, à província vizinha de Kivu do Sul ou atravessado a fronteira com o Ruanda.

A cidade de Goma sofreu mais de mil terramotos e tremores de terra depois da erupção vulcânica, em 22 de maio, do vulcão Nyiragongo, que provocou a morte de pelo menos 32 pessoas e danos materiais. Entre os danos materiais, edifícios e infraestruturas de saúde ou de abastecimento de água ou eletricidade, colapsaram ou ficaram inutilizáveis. A situação acalmou no dia 24, mas três dias depois as autoridades ordenaram a evacuação de 10 dos 18 bairros que compõem a cidade de Goma devido a receio de uma nova erupção devido à persistência de movimentos sísmicos e à presença de magma no subsolo em áreas da cidade e sob o lago Kivu.

Em 29 de maio, o Presidente da RDCongo, Félix Tshisekedi, aconselhou à população a não regressar a Goma até que os cientistas garantam que não há perigo devido à presença de magma sob a cidade e sob o lago Kivu. Localizada na província de Kivu Norte, que também faz fronteira com o Uganda, a região de Goma é uma zona de intensa atividade vulcânica localizada no vale do Rift, com seis vulcões, incluindo os vizinhos Nyiragongo e Nyamuragira, que se elevam a 3.470 e 3.058 metros, respetivamente.

A anterior erupção do Nyiragongo, em 2002, levou milhares a abandonarem as suas casas e provocou centenas de mortos. Goma alberga um grande contingente de soldados da paz e de muitos membros da missão das Nações Unidas na RDCongo, sendo também base de muitas organizações não-governamentais e outras organizações internacionais.

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