População da China diminui pelo terceiro ano consecutivo

No final de 2024, a população da China fixou-se em 1,408 mil milhões de pessoas.

População da China diminui pelo terceiro ano consecutivo

Pequim, 17 jan 2025 (Lusa) — A população da China diminuiu em 2024 pelo terceiro ano consecutivo, segundo dados hoje divulgados, que apontam para novos desafios demográficos na segunda nação mais populosa do mundo.

A população da China fixou-se em 1,408 mil milhões de pessoas, no final de 2024, o que representa uma diminuição de 1,39 milhões, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os números anunciados pelo Governo seguem as tendências mundiais, mas especialmente no Leste da Ásia, onde o Japão, a Coreia do Sul, Hong Kong e outros países e regiões viram as taxas de natalidade cair a pique.

Há três anos, a China juntou-se ao Japão e à maior parte da Europa de Leste entre os países cuja população está a diminuir.

As razões são, em muitos casos, semelhantes: O aumento do custo de vida está a levar os jovens a adiar ou a excluir o casamento e o nascimento de filhos, enquanto prosseguem estudos superiores e carreiras. Embora as pessoas estejam a viver mais tempo, isso não é suficiente para acompanhar a taxa de novos nascimentos.

Países como a China, que permitem muito pouca imigração, estão especialmente em risco.

Há muito que a China se encontra entre as nações mais populosas do mundo, enfrentando invasões, inundações e outras catástrofes naturais para manter uma população que prosperou com arroz no sul e trigo no norte.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial e a subida ao poder do Partido Comunista em 1949, as famílias numerosas voltaram a surgir e a população duplicou em apenas três décadas, mesmo depois de dezenas de milhões de pessoas terem morrido no Grande Salto em Frente, que procurou revolucionar a agricultura e a indústria, e na Revolução Cultural, que se seguiu alguns anos mais tarde.

Após o fim da Revolução Cultural e a morte do líder Mao Zedong, o regime comunista começou a preocupar-se com o facto de a população do país estar a ultrapassar a sua capacidade de se alimentar e começaram a implementar a “política do filho único”.

Embora nunca tenha sido uma lei, as mulheres tinham de pedir autorização para ter um filho e as infratoras podiam enfrentar abortos forçados tardios e procedimentos de controlo da natalidade, multas avultadas e a perspetiva de o filho ser privado de um número de identificação, o que os tornava efetivamente clandestinos no próprio país.

A China rural, onde a preferência pela descendência masculina era especialmente forte e onde dois filhos ainda eram ostensivamente permitidos, tornou-se o foco dos esforços do Governo, com as mulheres obrigadas a apresentar provas de que estavam a menstruar e os edifícios a ostentarem mensagens como “tenha menos filhos, tenha melhores filhos”.

O Governo procurou erradicar o aborto seletivo de crianças do sexo feminino, mas com os abortos legais e facilmente disponíveis, os operadores de máquinas de ecografias ilícitos prosperaram.

Este tem sido o principal fator do desequilíbrio do rácio entre os géneros na China, com dezenas de milhões de rapazes a mais do que mulheres, o que levanta a possibilidade de instabilidade social.

Os dados hoje divulgados revelaram que o desequilíbrio entre os sexos é de 104,34 homens para cada 100 mulheres, embora grupos independentes considerem que a diferença é consideravelmente maior.

Mais preocupante para o Governo foi a queda drástica da taxa de natalidade, com a população total da China a diminuir pela primeira vez em décadas em 2023 e a China a ser ultrapassada pela Índia como a nação mais populosa do mundo no mesmo ano.

O rápido envelhecimento da população, o declínio da mão-de-obra, a falta de mercados de consumo e a migração para o estrangeiro estão a colocar o sistema sob forte pressão.

Enquanto as despesas com as forças armadas e com vistosos projetos de infraestruturas continuam a aumentar, o já frágil sistema de segurança social da China está a vacilar, com um número crescente de chineses a recusarem-se a pagar para o sistema de pensões, que está subfinanciado.

Atualmente, 22% da população total, ou 310,3 milhões de pessoas, tem 60 anos ou mais. Prevê-se que, em 2035, este número ultrapasse os 30%, o que suscita a discussão de alterações à idade oficial de reforma, que é uma das mais baixas do mundo. Com menos alunos, algumas escolas e jardins-de-infância vagos estão entretanto a ser transformados em centros de cuidados para pessoas idosas.

 

JPI // CAD

By Impala News / Lusa

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